PCB-RR

domingo, 6 de novembro de 2016

CAMPANHA SALARIAL 2016: CRÔNICA DE UMA DERROTA ANUNCIADA.

Passada a campanha salarial, os bancários se perguntam: mas afinal, qual foi o resultado dessa greve? 

O jornal do Sindicato insiste em manchetes triunfalistas e dizer que o acordo de 2 anos foi conquista, mas a realidade que os bancários estão percebendo não é essa:
- o reajuste salarial foi abaixo da inflação e o abono foi comido em boa parte pelo Imposto de Renda;
- não se avançou um centímetro em estabilidade ou garantia de emprego;
- os bancários do Banco do Brasil são ofendidos pelo “Fora Temer Usurpador” em entrevista na Globo (o golpista declarou que no BB há “muitos empregados desnecessários”) ;
- na Caixa Econômica o clima também é de ameaças, possibilidades de reestruturação e cortes,e a Caixa acabou de ressuscitar o normativo que regulamenta a terceirização desenfreada (com a contratação de “bancários temporários”);
- e neste clima de ataques, a Diretoria do Sindicato e a Contraf/CUT apóiam a assinatura de um acordo que praticamente nos deixa “amarrados”no ano que vem.
Como já alertávamos antes, o governo ilegítimo do “Fora Temer” já mostrou ao que veio:
- o anunciado “ajuste fiscal duro” veio com a malfadada PEC 241, que congela em termos reais os investimentos públicos em Saúde e Educação por 20 anos para garantir o pagamento integral dos juros da dívida pública;
- anuncia uma Reforma da Previdência com idade mínima de 65 anos, o que significa que os jovens com menos de 20 anos de mercado de trabalho terão que trabalhar mais de 40 anos pra conseguirem aposentar-se;
- já anunciam a “privatização fatiada” da Caixa e Petrobrás, com a venda da BR Distribuidora e da Caixa Seguros, e a boataria sobre um possível PDV no Banco do Brasil corre solta.

Desde o início de nossa campanha salarial, a Oposição/Unidade Classista vinha alertando de que “a velha dinâmica que a Direção do Sindicato e a Contraf/CUT imprimiram às greves dos bancários não ia atingir nenhum resultado favorável este ano”.

Mas a Diretoria do Sindicato do Rio e a CONTRAF/CUT mantiveram a mesma dinâmica: apenas ficaram esbravejando no jornal do Sindicato, mas não convocaram plenárias por região, assembleias de organização nem reuniões de delegados sindicais para efetivamente preparar a categoria.

Pra termos uma idéia da paralisia da Diretoria do nosso Sindicato, as eleições para delegado sindical na Caixa foram realizadas na semana anterior à greve – e nem chegaram a tomar posse! Só houve três assembleias antes da greve – e a primeira, que aprovou a pauta, foi numa segunda-feira depois de feriadão olímpico! (Obviamente foi uma assembleia esvaziada, desconhecida pela maioria dos bancários). Depois tivemos as duas assembleias de greve: a “oficial” com um número reduzido de bancários e a “organizativa” ESVAZIADÍSSIMA.

Nós da Oposição dizíamos naquele momento: “Na nova conjuntura, só uma coisa levará à vitória da nossa campanha salarial: a organização dos bancários para intensificar a adesão à greve, tornando-a realmente massiva, com um impacto que possa atingir o bolso dos banqueiros e colocar o governo na defensiva. (...) Necessitamos de uma campanha salarial com milhares de bancários participando das assembleias, definindo os rumos da luta, afirmando quais são nossas reivindicações prioritárias, fazendo greve de verdade e unificados com a luta de todos os trabalhadores em defesa da previdência pública e dos direitos trabalhistas da CLT.”

Mas o “velho script” de greve de fachada da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT foi aplicado este ano novamente. A greve nos bancos privados praticamente se restingia ao Centro da cidade, com as agências fechadas “de fora pra dentro” e os colegas sendo obrigados a trabalhar em outras regiões. No banco do Brasil e na caixa, agências fechadas ao público mas com muitos colegas dentro “batendo metas” e “fazendo negócios”.

 A mudança de qualidade na greve, tornando-a massiva, só aconteceu na última semana E SÓ NA CAIXA ECONÔMICA, à revelia da Direção do Sindicato!

Com a greve que tivemos – com baixíssima participação dos bancários, exceto na Caixa na última semana – aconteceu o que a Oposição já denunciava antes: “ (...)greve de fachada, assembleias teatrais, piqueteiros contratados, aqueles jornais dos sindicatos anunciando “proposta final dos bancos” arrancada por uma greve que sabíamos não ser de verdade (antes mesmo de discutirmos as propostas), todo aquele clima de farsa  não arrancará nenhuma proposta decente dos bancos e poderá inclusive causar mais perda de direitos.

Dito e feito: a categoria acabou sendo forçada a aceitar um acordo rebaixado, com reposição abaixo da inflação, abono (que o Imposto de renda comeu um pedação), sem nenhuma garantia de emprego e, PRA PIORAR, COM A ARMADILHA DO ACORDO DE 2 ANOS!

E porque o acordo de 2 anos é uma armadilha? Por uma razão muito simples: ninguém sabe o que vai acontecer ano que vem! Agora então com a prisão do meliante Eduardo Cunha, quem é capaz de garantir que o governo ilegítimo de Temer sobreviverá? E se o Usurpador cai por mais uma manobra parlamentar, quem vai assumir o lugar?

Como estará a economia do país: mal ou ainda pior? Com este grau de indefinição, chega a ser uma irresponsabilidade amarrar a categoria em um acordo de 2 anos como se estivesse tudo “normal, tranqüilo e favorável!

O pior é que a Diretoria do Sindicato brada aos quatro ventos que “acordo bianual foi conquista”...CONVERSA PRA BOI DORMIR! Se acordo de 2 anos fosse bom, porque nunca propuseram antes? Porque aceitaram a proposta dos banqueiros de acordo de 2 anos JUSTO NO ANO EM QUE A GREVE FOI MAIS FRACA E O RESULTADO FOI RUIM

A verdade é que a Diretoria do Sindicato NÃO CONSEGUE ADMITIR QUE NÓS BANCÁRIOS FOMOS DERROTADOS NESTA CAMPANHA SALARIAL. Não conseguem e nem podem admitir, pois isso equivale a confessar que eles e a CONTRAF/CUT são os (ir)responsáveis por essa derrota.

CHEGA DE PELEGUISMO!
A Oposição Bancária Unificada chama a todos e todas bancários e bancárias a construirmos juntos uma nova direção de lutas para a categoria. Vamos seguir o exemplo dos colegas da Caixa, que se organizaram e mobilizaram à revelia da Direção do Sindicato; vamos construir juntos um forte movimento de Oposição Bancária de base pra MUDAR O SINDICATO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário