PCB-RR

segunda-feira, 30 de março de 2015

Itaú é condenado por racismo após barrar cliente

Banco de Roberto Setúbal foi condenado a pagar indenização de R$ 20 mil, por danos morais, a um homem que foi barrado na agência da Praça da República, região central de São Paulo; depois de ser barrado na porta giratória, o cliente foi revistado na saída por policiais militares; o banco acionou alarme denunciando a ocorrência de assalto.
 
O Itaú foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização no valor de R$ 20 mil por danos morais a um cliente que diz ter sido alvo de racismo.
 
O homem foi barrado de entrar na agência da Praça da República, no centro de São Paulo, mesmo mostrando que não possuía qualquer objeto que justificasse o travamento pela porta giratória. Na saída, ele denuncia ter sido revistado por policiais militares, que tinham arma em punho. Foi obrigado a ficar com as mãos na cabeça e encostado na parede depois que o banco acionou alarme anunciando assalto.
 
Fonte:http://www.brasil247.com

quinta-feira, 12 de março de 2015

Oposição Unificada Para Mudar


A Chapa 2 Oposição Unificada Para Mudar está inscrita. Estes são alguns dos colegas que compõe a Chapa.
Vamos construir uma direção de oposição ao governo Dilma...


Apoio à chapa 2 da companheira Juliana Donato, eleita CAREF do BB em oposição à CUT


Saudação do companheiro vereador Babá em apoio à Chapa 2 - Oposição Unificada Pra Mudar - no SEEB/Rio!


Apoio do companheiro Altino, do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, à Chapa 2 - Oposição Unificada Pra Mudar - SEEB/Rio!

50 mil trabalhadores perderam emprego no Rio com o escândalo da Petrobras

Suspensão de obras devido à Operação Lava Jato transformou eldorados em uma nação de desempregados desesperada em busca de novas frentes de trabalho. Em casa, a família passa necessidades com pouca comida e a moradia ameaçada

O DIA
Rio - Eles não participaram das negociatas, nem meteram a mão em um centavo sequer da Petrobras e muito menos formaram cartéis para burlar as licitações. Mas, antes mesmo de políticos e empresários envolvidos no escândalo sentarem nos bancos dos réus, pelo menos 50 mil trabalhadores do Rio de Janeiro já foram condenados na Operação Lava Jato. São os primeiros sentenciados numa história onde mocinhos e bandidos trocam de lado e os operários é que vivem atrás de grades invisíveis, presos ao desemprego, à redução bruta dos salários, ao fim do sonho de tocar o próprio negócio e assiste à queda de pequenas empresas, algumas com mais de meio século.
Até a pensão dos filhos de João Hamílton ficou comprometida após ele perder o emprego de montador.
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia
O Rio de Janeiro é o estado economicamente mais dependente da indústria de óleo e gás e o levantamento realizado junto às prefeituras das cidades ligadas à extração do petróleo e com obras da Petrobras expõe o tamanho da crise desde que empresários citados na Lava Jato foram para a cadeia: cidades pequenas e pacatas se transformaram em quase metrópoles e incharam o número da população com a constante oferta de empregos. Foram as primeiras atingidas pela suspensão de obras e patrocínios da estatal, sem contar a queda na arrecadação de royalties por causa do preço do barril de petróleo. Resultado: hoje tem um exército de mão de obra de braços cruzados.
A peça mais sensível neste efeito dominó está na mão de obra imigrante, que atraída pelos bons salários deixou o Nordeste e Minas Gerais para trabalhar na Petrobras e, longe da família, que sem emprego se transformou nos ciganos do petróleo. E tem como símbolo 20 baianos que há três anos desembarcaram no Comperj e ocuparam uma humilde vila de casas em Itaboraí,
com a perspectiva de ficar até 2016. A partir de dezembro, o eldorado negro ficou russo, e a redução de três mil postos de trabalho levou uma parte dos operários a fazer o caminho de casa. “O dinheiro foi acabando. O pessoal deixou tudo: TV, cama, armário. Não tinha gente para comprar e nem grana para levar”, detalha o montador João Hamilton Macedo, 37 anos, um dos últimos sete operários a continuar na vila, aonde só um continua empregado.
A persistência, até agora, só fez aumentar as dívidas. Amarga quatro meses de atraso no aluguel, 
está com cartões bloqueados, luz cortada e, quase sempre, a comida só chega graças à solidariedade dos vizinhos. “É vergonhoso, mas há três meses praticamente vivo de favor. Até para comer”, conta o constrangido montador,. Ele foi obrigado a cortar até o dinheiro da pensão dos dois filhos, que ficaram em Camaçari (BA), e há dias que se mantém graças à dieta forçada de água e biscoito. Nem na pior seca nordestina enfrentou tantas vezes o prato vazio.

Foto:  Arte: O Dia Online
Não é falta de tentar. Todos os dias, Hamilton segue uma rotina de trabalho bem conhecida dos quase 12 mil desempregados de Itaboraí — segundo estimativa do Sindicato dos Montadores e da prefeitura: levanta cedo e percorre pelo menos três escritórios de empresas que ainda mantêm obra no Comperj para deixa o currículo. “Outro dia, uma abriu vaga para 20 montadores. Quando chegou a minha vez, já tinha acabado. É assim, preenche rápido. Tem muita gente parada aqui”, se resigna Hamílton.
Os poucos empregos oferecidos viram trosegue uma rotina de trabalho bem conhecida dos quase 12 mil desempregados de Itaboraí — segundo estimativa do Sindicato dos Montadores e da prefeitura: levanta cedo e percorre pelo menos três escritórios de empresas que ainda mantêm obra no Comperj para deixa o currículo.“Outro dia, uma abriu vaga para 20 montadores. Quando chegou a minha vez, já tinha acabado. É assim, preenche rápido. Tem muita gente parada aqui”, se resigna Hamílton. Os poucos empregos oferecidos viram troféus.
Com 35 mil candidatos a um emprego cadastrados entre janeiro e março e apenas 1.100 enviados à entrevista em empresas, o gerente do Sine-Itaboraí reconhece a dificuldade de encontrar trabalho nas indústrias e comércios da região. “Vivemos um momento difícil, mas acho que pode complicar daqui a dois meses”, antecipa Anderson Santana, baseado numa simples análise: é quando acaba o pouco dinheiro que ainda há no bolso dos operários, graças à sobra da indenização e do seguro-desemprego. Anderson lembra da dificuldade em preencher as vagas no auge dos empregos, em 2012. “Caçava empregados até nos cursos. Tirei caldereiro da sala de aula direto para o Comperj”, recorda.
Tempo dourado acompanhado pelo mecânico Alex Correia Reis, 35 anos, outro baiano que se aventurou pelo Rio no rastro da riqueza do petróleo. Trabalhou em estaleiros em Niterói por três anos até conseguir uma vaga na Construtora Alusa e entrar no Comperj. A gordura na conta bancária levou a família a planejar o terceiro filho. Agora, seria um carioca. O sonho do salário alto e da prosperidade se transformou em pesadelo em dezembro. Atingida pela Operação Lava Jato, a empresa parou as obras e, no mês passado, pediu recuperação judicial. Deixou três mil trabalhadores sem empregos e sem pagamento. Pior: como oficialmente os operários não foram dispensados, o vínculo continua ativo e nem Alex ou nenhum outro funcionário consegue assinar novo contrato. Para fazer dinheiro, vendeu geladeira, cama, ar-condionado e foi se desfazendo dos bens. Perdeu a casa por falta de pagamento e só não parou na rua devido à ajuda de um vizinho, que, sensibilizado com o nono mês de gestação de Jaqueline Mendonça Simão, 30 anos, deu abrigo temporário à família num quarto-sala, em Guaxindiba. A alimentação consegue com doações ou com os pingados biscates. “Ninguém tem dinheiro para pagar.
Troco trabalho por comida”, destaca o mecânico, preocupado com a interrupção do pré-natal da mulher e a indefinição do local do parto desde que perdeu o plano de saúde. “Acho que não vai precisar de cirurgia. Estava tudo indo bem, mas não sei se na hora vai ter vaga no hospital”, admite a tensão, amenizada com a doação do enxoval, feito com peças usadas. “É mais um menino”, alegra-se por instantes. A história da busca do eldorado negro também enfeitiçou o mineiro Márcio Neuri Rodrigues Santos, 26 anos. Não teve dúvidas de pegar mulher e a filha e desembarcar na rodoviária de Itaboraí com proposta de emprego na Construtora RG. “Estava tudo certo com um encarregado.

Ele fez contato e chamou, mas não encontrei ninguém.” Já era tarde. O período de vacas gordas
tinha passado e bateu com a cara na porta. Trabalhou por dois anos no Porto do Açu, mas acabou dispensado com o suspensão da obra. Sem opções, o destino lhe pregou uma peça: só encontrou emprego num lava jato. O mesmo destino de outros dois jovens demitidos em dezembro e janeiro do Comperj. Washington Danilo da Silva e Alas Evangelista perderam o trabalho no Consórcio TUC e na Construtora Barbosa Melo e só conseguiram vaga no Lava-Jato do Buiu e Ducha do Zé. Aliás, Itaboraí pode ser considerada a capital fluminense dos lavas-a-jato. O Câmara dos Dirigentes Lojistas estima em 50 estabelecimentos legais — embora a maioria está na economia informal. Os jovens sentem a redução brusca dos salários. Nas empresas faturavam até R$ 2,3 mil, algo impossível de conseguir em cidade vizinha — principalmente no período que a redução empregos leva a contração dos vencimentos.

O sonho de uma vida melhor que encantou os trabalhadores de Itaboraí, também criou esperanças a poucos quilômetros dali, em Rio Bonito. Tão logo o Comperj começou a ser erguido, e pedreiros, que ganhavam R$ 80 por dia, quiseram trocar os modestos vencimentos pela perspectiva de ganhar R$ 3 mil. Na jornada de volta, além da decepção, os trabalhadores mantêm o sonho de um salário melhor. “Como a gente vai fazer? Eles querem ganhar a mesma coisa...”, lamenta o secretário de Fazenda Marcelo Soares, ao falar de um entre vários dos problemas enfrentados pela cidade.
É justamente a redução no poder aquisitivo a herança mais temida pelos soldadores Renato Silva Pereira, 48 anos, e Nicolas Gonçalves Pereira, 21. Pai e filho perderam o emprego com a suspensão das obras da Lusa e sabem que no mercado fora da Petrobras será impossível ver salários na casa dos R$ 10 mil e R$ 12 mil. No máximo, chegará a R$ 4 mil.
Participaram desta reportagem Caio Barbosa, João Antônio Barros, Leandro Resende, Luísa Brasil e Nonato Viegas

terça-feira, 10 de março de 2015

Os bancários venceram: Juliana Donato é eleita para o CAREF

Por Juliana Donato


A categoria bancária teve uma grande vitória no dia de hoje. A minha eleição como representante dos funcionários no Conselho de Administração do BB, com 27.196 votos, 6.631 a mais que o candidato a reeleição, Rafael Matos, é uma vitoria de todos que defendem representações independentes do governo e da direção do Banco para lutar ao lado dos funcionários.

Este resultado seria impossível sem os inúmeros apoiadores, que conversaram com seu colega de trabalho, compartilharam nossas publicações nas rede sociais ou distribuíram meu panfleto nos locais de trabalho. Sem vocês, não conseguiríamos vencer a máquina do sindicalismo atrelado ao governo federal.

Por isso, essa é uma vitória de todos nós, assim como este mandato, que pertence ao conjunto dos funcionários do BB.

É uma primeira vitória, mas teremos uma luta longa pela frente. O governo de Dilma, do PT, que se elegeu criticando a política neoliberal do PSDB, nem bem foi eleito, já começou os ataques contra nós, trabalhadores. O que teria sido feito por Aécio, caso tivesse sido eleito, está sendo feito por Dilma. No BB, não será diferente. Os ataques que já sofremos, virão ainda com mais força. Precisamos resistir. E, para isso, podemos contar apenas com nossas próprias forças. Somente os trabalhadores organizados podem vencer os ataques. Por isso, ao mesmo tempo em que reafirmo meu compromisso, de estar ao lado dos funcionários, enfrentando o governo e a direção do Banco sempre que for necessário, reafirmo também a necessidade de que, todos juntos, nos organizemos para lutar.

Reafirmo também meu compromisso de ter um mandato com mecanismos de comunicação permanente com os funcionários. Quero ter uma estreita relação com os delegados sindicais, que são os representantes nos locais de trabalho. Por isso, peço desde já, que os delegados sindicais enviem seus dados para o meu e-mail pessoal (julianacls@yahoo.com.br). Curtam também minha pagina no facebook, para que possamos enviar informações com agilidade para todos. Vamos solicitar a todos os sindicatos, inclusive aqueles que não tenham apoiado minha candidatura, que disponibilizem um espaço em seus sites e jornais para possamos divulgar informações do que acontece no Conselho de Administração. Os sindicatos são patrimônios da categoria bancaria e devem estar a serviço de sua luta.

Por fim, é muito importante que continuemos construindo cada vez mais entidades independentes do governo e do banco. Aos bancários do Rio de Janeiro, peço seu voto e apoio na campanha da "Chapa 2 - Oposição Unificada para Mudar” e, aos bancários do Espírito Santo, peço seu voto para a ”Chapa 1 Sindicato é para lutar”.

Agradeço também o apoio de algumas entidades à minha campanha, como os Sindicatos do Maranhão, Rio Grande do Norte, Bauru, Espírito Santo, Santa Cruz, Santa Maria, Passo Fundo, Vitória da Conquista e da AEBA, a Associação dos Funcionários do Banco da Amazônia.


E, com muito orgulho e felicidade, dedico esta vitória ao nosso companheiro Dirceu Travesso, o Didi, que dedicou sua vida às lutas dos trabalhadores, foi, e ainda é, uma grande expressão do sindicalismo independente do governo no movimento bancário. Didi, sem você nada disso seria possível!!!!

Fonte:http://opiniaobancaria.blogspot.com.br/

segunda-feira, 9 de março de 2015

Ato de lançamento público da Chapa 2 - Oposição Unificada Pra Mudar

Ato de lançamento público da Chapa 2 - Oposição Unificada Pra Mudar - no SEEB/Rio!
Quarta às 18:00
sindisprev- rj - Rua Joaquim Silva 98 (atrás da Sala Cecília Meirelles)

Youssef diz que dinheiro para caixa 2 era entregue a Vaccari e José Dirceu

Doleiro fez afirmação em depoimento com base em delação premiada.

Sigilo desses depoimentos foi retirado na última sexta por ministro do STF.

Nathalia Passarinho e Renan Ramalho
Do G1, em Brasília
O doleiro Alberto Youssef afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), em depoimento com base em delação premiada, que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recebiam dinheiro do esquema de corrupção da Petrobras para repassar ao caixa do partido.
As declarações foram prestadas em 24 de setembro do ano passado e enviadas, em regime de segredo de justiça, ao Supremo Tribunal Federal (STF), por conterem citações a políticos com foro privilegiado.
G1 busca contato com Dirceu e Vaccari. Em ocasiões anteriores, ambos sempre negaram que tivessem relação com irregularidades investigadas na Lava Jato.
Os documentos tiveram o sigilo retirado por Teori Zavascki na última sexta (6), quando o ministro abriu inquérito para investigar 49 pessoas, entre elas 47 autoridades com indícios de envolvimento no escândalo da Petrobras.
Suspeito de operar o esquema de pagamento de propina na estatal, Youssef aceitou colaborar com as investigações da Operação Lava Jato em troca de redução da pena.
Em um dos trechos da delação premiada, o doleiro afirma que Júlio Camargo, suposto operador das empresas Mtisue Toyo e Camargo Correa no esquema de corrupção da Petrobras, distribuía dinheiro pago pelas duas empresas para o PP e o PT.
De acordo com Youssef, Júlio Camargo utilizava contas no exterior para depositar dinheiro da Toyo e Camargo Correa destinado o caixa dois de campanha desses partidos. Os recursos eram repassados ao doleiro, que entregava parte dos valores, em “reais vivos”, a um homem chamado “Franco”, em São Paulo. Conforme Youssef, esse dinheiro era, então, repassado ao PT “nas pessoas” de João Vaccari Neto e José Dirceu.
Outra parte dos recursos do esquema era entregue pelo doleiro, no Rio de Janeiro, a uma mulher chamada Fátima, que seria funcionária de Júlio Camargo. O valor era repassado posteriormente, segundo Yousseff, a título de “comissão” ao ex-direitor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo.
“O dinheiro entregue por Alberto Youssef em São Paulo servia para pagamentos da CAMARGO CORREIA e TOYO ao PARTIDO dos TRABALHADORES, nas pessoas de João Vaccari e José Dirceu. Já o dinheiro entregue por Alberto Youssef no Rio de janeiro eram pagamentos devidos ao Renato Duque e outros, referentes ao comissionamento das obras realizadas pela CAMARGO CORREIA e TOYO”, diz trecho da delação premiada.
O doleiro afirma ainda, nos depoimentos ao Ministério Público, que Dirceu tinha uma “relação de negócios e de amizade” com Júlio Camargo. Segundo ele, o ex-ministro da Casa Civil utilizava um jatinho do suposto operador da Toyo e da Camargo Correa no esquema de corrupção.
“Júlio Camargo tinha relacionamento de negócios e amizade tanto com José Dirceu quanto com Renato Duque. Tanto é assim que José Dirceu utilizava o avião de Júlio Camargo, Um avião modelo Citation Excel. Franco, homem de confiança de Julio Camargo, tem um pen drive com todas as movimentações financeiras de Júlio Camargo. Neste pen drive, a sigla referente a pessoa de JOSE DIRCEU é BOB”, afirmou Yousseff.

Tem que ter fé

Patético. É a única definição para o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, realizado no domingo. Ela se confundiu em conceitos básicos, manipulou números e estatísticas, distorceu os fatos, ocultou a verdadeira política do seu governo, protegeu os rentistas, jogou o custo da crise nas costas dos trabalhadores e, no fim de tudo isso, apelou para a fé como saída da situação que vivemos.

O único aspecto positivo do seu pronunciamento foi finalmente ter admitido que o país vive uma crise, apesar de minimizá-la. Faltou, entretanto, abordar a crise de ética, moral e honestidade que envolve integrantes do seu partido, dos seus aliados, do governo, do congresso, da falsa oposição e das elites. De uma classe política totalmente afastada da vida concreta do povo brasileiro.

O discurso foi tão desorientado que logo em seu início ela afirmou nosso povo estar “protegido para ganhar sua renda”. Desconhece que salário não é renda?

Foi mais longe ao dizer que “as medidas que estamos tomando para superá-las (os problemas) não irão comprometer as suas conquistas”. Mas como, se já comprometeram várias, como o auxílio-doença, a pensão das viúvas, o seguro-desemprego, a energia para as famílias carentes etc.? Em uma estimativa por baixo são mais de 20 milhões de brasileiros prejudicados só no primeiro ano.

Curiosa foi a sutil desconstrução da famosa marolinha do presidente Lula, ao admitir a dimensão da crise, tanto em nível internacional quanto nacional e a total incapacidade de compreendê-la, prevê-la e superá-la.

Agravante foi reconhecer outra incapacidade do governo, desta feita de ter preparado uma matriz energética capaz de suportar eventuais problemas, bem como a desfaçatez de pedir “paciência e compreensão” justamente para a parcela da população mais frágil, que passa por imensas dificuldades diante da falta e dos aumentos da energia, dos combustíveis e dos alimentos. Lembrou o discurso dos tecnocratas neoliberais gregos.

Mostrou-se tão sem rumo, tão à parte da sociedade brasileira, que pediu “confiem na condução deste processo, pelo governo, pelo congresso”. Dispensa comentários.

Foi hilária ao distorcer números e dizer que a China “reduziu seu crescimento à metade das metas históricas mais recentes”. Ora, nas últimas décadas o crescimento médio da China foi de cerca de 10% ao ano. Atualmente está em 7%. Mera aritmética desmente a presidente.

O cerne do discurso do governo é o mesmo que afundou as economias de vários países da Europa, como Irlanda, Bélgica, Itália, Espanha, Grécia, Portugal: a prioridade do pagamento da chamada dívida pública, do superávit primário, com seu voraz reflexo no Orçamento da União.

Ela admitiu: “As vezes temos que controlar mais os gastos para evitar que o orçamento saia do controle”. Controlar os gastos junto à população, diz ela, aos rentistas, jamais. Ela só vê distorções nos benefícios dos trabalhadores, dos rentistas não, apesar da Constituição determinar uma auditoria nessa pseudo dívida.

O Bradesco e o Itaú somados lucraram mais de R$ 35 bilhões somente no ano passado. No mesmo período demitiram quase oito mil bancários, fora os terceirizados. Mas para os banqueiros não há equidade de sacrifício, não existe o “cada um tem que fazer a sua parte”.

É lamentável que a assessoria da presidente tenha chegado ao ponto de enganá-la, na melhor das hipóteses, ao informar que 44 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média. Com que patamar salarial? A mesma indagação serve para os pseudo microempreendedores, em verdade desempregados tentando sobreviver como podem.

A pérola fica por conta “dos melhores níveis de emprego e salários de nossa história”. Getúlio Vargas deve estar se remexendo na tumba.

Como o neoliberalismo quer abocanhar o quanto pode, ela ainda anunciou “novas concessões e novas parcerias com o setor privado”, ou seja, mais privatizações, mais benesses para o capital.

Ao pedir fé para a superação dos problemas, a presidente usou de má fé ao fazê-lo no Dia Internacional da Mulher, uma histórica data de lutas. Foi um pronunciamento em defesa das benesses da elite, em detrimento das trabalhadoras, das mulheres brasileiras e de todo o mundo.

Faria melhor se tivesse ficado calada.

Afonso Costa
Jornalista