PCB-RR

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Alô, alô Sindicato de Bancários... Que presente de Natal é este?????


O Jornal BancáRio nº 4916, de 22 de Dezembro, trás em sua capa : Levy caiu. Só falta o Cunha. E mais, no texto de capa, afirma que a nomeação de Barbosa "reacende" a esperança da retomada do desenvolvimento econômico, sendo um verdadeiro "presente de natal" para o povo. Só se for presente de grego (no pior sentido).

Na posse do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, os principais banqueiros do país compareceram para prestar apoio ao novo ministro. Estavam presentes: Roberto Setúbal presidente do Itaú, Luiz Trabuco do Bradesco, Murilo Portugal presidente da FENABAN e Pérsio Arida presidente interino do BTG Pactual, já que o presidente, André Esteves, teve um pequeno incidente: está preso na operação Lava Jato, e não pôde comparecer.

Barbosa declarou em sua posse que “nesse momento, o nosso maior desafio é fiscal. Nosso maior desafio é construir as condições para estabilizar e reduzir o nosso grau de endividamento público, tanto em termos de dívida líquida quanto em termos de dívida bruta" (*), deixando, evidentemente, os banqueiros bastante satisfeitos.

O ministro também se comprometeu em realizar uma nova reforma [sic] da previdência que incluirá a idade mínima obrigatória para aposentadoria junto ao INSS.  Em outras palavras, a bolsa banqueiro continuará garantida com a maior parte do orçamento sendo gasto com pagamento de juros da dívida interna. Dessa forma, o lucro recorde dos bancos se manterá. Por outro lado, os trabalhadores sofrerão mais ataques aos seus direitos e os serviços sociais continuarão sendo sucateados.

Fica evidente que não passa de um sonho de uma noite de verão a afirmação de setores governistas que estaríamos prestes a um giro à esquerda do governo Dilma com a queda do ministro Joaquim Levy. O governo do PT e o Congresso Nacional continuarão aplicando uma pauta de ataque aos trabalhadores. Inclusive com a ajuda da CUT e Força Sindical, que, junto com o governo, lançaram o PPE, reduzindo salários dos trabalhadores.

Precisamos romper com as ilusões propagadas pelos governistas e deixar bem claro que esse governo, que aplica as medidas para resolver as crises provocadas pelos patrões e banqueiros através de ataques aos nossos direitos, não é nosso.

Simplesmente não basta trocar os ministros se a política central do governo não se altera. Os trabalhadores precisam ir às ruas para derrotar o ajuste fiscal e os seus responsáveis: o Governo Federal e o Congresso Nacional. No Paraguai acabamos de ver uma importante greve geral de 48 horas que enfrentou o governo e o ajuste fiscal que acontece naquele país, este é o caminho que devemos seguir.

Somente os trabalhadores e a juventude nas ruas de forma organizada poderão reverter esta situação no Brasil. Reconhecer quem são os inimigos, sem escamotear a realidade, é o primeiro passo que devemos dar nesta luta.


OPOSIÇÃO BANCÁRIA UNIFICADA

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Impeachment? Para quê?

É inegável que os governos do PT, tanto de Lula quanto de Dilma, acataram os principais pontos da pauta conservadora: benefícios para o sistema financeiro, pagamento da pseudo dívida pública, juros estratosféricos em beneficio dos rentistas, favorecimento ao agronegócio, privatizações, ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários etc.

Ainda assim, grande parte da elite mais conservadora apoia o impeachment da presidente. Os motivos básicos são a disputa pelo poder, já que o núcleo dominante de São Paulo foi afastado com a derrota do PSDB e mudanças no processo de privatizações, particularmente do pré-sal e da Petrobras, ainda que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estejam sempre sob a alça de mira.

Não são apenas esses, entretanto, os alvos em disputa. A privatização da educação básica, com o sucateamento da educação pública, também é cogitada. A educação superior há muito foi privatizada – cerca de 80% dos estudantes estão em escolas particulares, pagas pelo Fies, ou seja, o governo sustentando os oligopólios internacionais do setor. O fechamento de escolas em São Paulo e Goiás, os baixos salários pagos aos professores em nível nacional, o corte de bilhões de reais de verbas e o Mercadante como ministro são provas incontestes dessa lógica.

A Previdência também está na mira. A proposta do ministro Levy de aumentar a idade de aposentadoria e tempo de serviço para as mulheres, igualando a dos homens, não vem sozinha. Com a elevação da expectativa de vida, pouco superior a 70 anos, já existe quem defenda o mesmo acréscimo para a idade de aposentadoria. Concomitante, se mantém os proventos dos aposentados arrochados, com reajustes no máximo iguais ao INPC, distante da correção pela inflação real e afastados da tímida política de valorização do salário mínimo. Até mesmo a aposentadoria dos trabalhadores do campo, uma das conquistas da Constituição de 1988, está ameaçada.

A outra vítima, mas não menos importante, é a Saúde. O abandono dos hospitais universitários, a implantação das gestões via OS e o descaso dos governos federal, estaduais e municipais, conduzem os usuários dos serviços para os planos de saúde, cada vez piores e mais caros, ou a utilização de hospitais e clinicas privados, sustentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mais uma forma de transferência dos recursos públicos para mãos privadas. As filas nos hospitais e a permanente falta de vagas para internação, assim como os baixos salários pagos aos profissionais já são estruturais em todo o país.

Recentemente o Senado aprovou, por unanimidade, o projeto de criação de parcerias público-privadas na pesquisa científica e tecnológica. O mesmo já havia ocorrido na Câmara dos Deputados, o que tornará o país refém dos interesses das multinacionais, comprometendo a independência e o futuro do país.

A privatização do setor de transportes é outra que segue a pleno vapor. Rodovias, portos e aeroportos são entregues para o capital privado a preço de banana, ameaçando inclusive o direito constitucional dos brasileiros de ir e vir. Passo a passo estamos ficando reféns em nosso próprio território. Nosso?

A geração e transmissão de energia de grande porte também correm sérios riscos, pois as de médio porte a cada dia que passa mais e mais são entregues (leiloadas) para o empresariado.

O Brasil público está sendo abandonado, sucateado e “doado” para o grande capital. Apenas a forma, a velocidade e em quais condições isso é feito está em disputa no processo de impeachment. O tosco discurso de que cabia ao Estado cuidar do essencial e privatizar a Vale do Rio Doce, a Embraer, o sistema de telecomunicações etc. há muito foi abandonado. Agora, a ideia fixa é pagar a divida pública e garantir os juros (ajuste fiscal) para o capital financeiro. Perdeu-se até a vergonha na cara.

Ou a população acorda, se mobiliza e exige as mudanças necessárias para garantir uma vida digna, ou em breve não teremos mais Estado, apenas governos fantoches disputando o gerenciamento da coerção dos movimentos sociais e das benesses entregues ao capital.



Afonso Costa

Jornalista.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O PCB e a Unidade Classista não participará da manifestação do dia 16/12.

Ao Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro/RJ
A/c Diretoria

Companheiros

O Jornal Bancário do SEEB/RJ em duas edições noticiou equivocadamente que o PCB – Partido Comunista Brasileiro – teria participado da organização e se somado à manifestação pró-Dilma realizada no dia 08 de dezembro p.p.

Esclarecemos à Diretoria do Sindicato e a toda a categoria bancária que o Partido Comunista Brasileiro, em reunião de seu Comitê Central realizada nos dias 4 a 6/12, deliberou que “o PCB repudia as ações das forças reacionárias pelo impeachment, mas não participará de nenhum movimento com o objetivo de legitimar o governo perante o povo e os movimentos sociais apenas para melhor negociar a continuidade, agora mais rebaixada, de seu governo de pacto social com a burguesia.” (reprodução literal de trecho da Resolução Política do CC).

O PCB e a Unidade Classista entendem que foi negativa a instauração do processo de impeachment. A tendência é que qualquer resultado nos seja desfavorável. Para se manter no governo, o PT, como sempre, não deverá romper com sua aliança de centro direita, condição para que pudesse garantir uma governabilidade popular com um novo programa de mudanças, a favor dos trabalhadores. Mas, ao contrário, o governo deverá ceder cada vez mais às chantagens e aos interesses do capital, como já está fazendo agora quando, por exemplo, cede o Ministério da Saúde ao PMDB e este coloca na Secretaria Nacional de Saúde Mental um empresário ex-proprietário da Casa de “Saúde” Dr. Eiras, reconhecido centro privado de tortura de doentes mentais.

Assim, é inverídica a informação de que o PCB e a Unidade Classista participaram da manifestação de 08/12. Já antecipamos que o PCB e a UC também não se somarão às manifestações programadas para o dia 16/12.

Solicitamos a publicação desta carta aberta no Jornal Bancário.

Saudações sindicais

Carlos Arthur “Boné”
Secretário político da célula bancária/RJ do PCB
pelo Partido Comunista Brasileiro
pela Unidade Classista

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A burguesia está matando os nossos jovens.

“Um dos governos mais assassinados da história do Brasil”, o governo Alckmin. A frase é do professor Douglas Belchior, professor do ensino público de São Paulo e militante do movimento negro.

O governo de São Paulo declarou guerra aos estudantes das escolas públicas do estado. E não é mera figura. Declarou guerra literalmentehttps://www.youtube.com/watch?v=68qbymS6Xvc
, conforme palavras do chefe de gabinete da Secretaria de Educação estadual, Fernando Padula Novaes. Confira no link:

Empenhado em implantar na marra um projeto de reorganização do ensino público sem qualquer diálogo com a comunidade acadêmica, o governo tucano está agredindo impiedosamente moças e rapazes, alguns quase crianças, em total descontrole da ordem pública.

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Maria da Penha vem sendo rasgados diariamente. Aqueles que deveriam ser responsáveis pela manutenção da segurança dos jovens, pais e professores são os seus algozes. Spray de pimenta, gás lacrimogêneo, ameaças com armas em punho, socos, chutes, pontapés entram nos lugares dos livros, das aulas, do diálogo, do ensino, da educação.

A resistência da juventude é linda. Em ordem, pacificamente, organizados, alegres e determinados, os jovens ocuparam mais de 200 escolas no estado, apesar de toda a repressão. Lutam por uma educação de qualidade, dever do Estado. Lutam pelo seu presente, pelo seu futuro. Lutam por um Brasil diferente, melhor.

Aonde isso vai acabar não se sabe. O temor é o anúncio, a qualquer momento, da morte de um jovem. Já aconteceram incontáveis vezes antes. Depois as “autoridades” jogam a culpa em um policial, totalmente despreparado, assim como os demais, e fica por isso mesmo.

Cabe destacar que é inaceitável parte da igreja Católica estar apoiando a barbárie promovida pelo governo paulista.

Enquanto isso, cinco rapazes negros foram impiedosamente assassinados pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a mesma que mata crianças e trabalhadores nas comunidades, bate em professores e estudantes em suas manifestações.

Seu crime? Comemorar o primeiro salário de um menino de 16 anos.

Ao mesmo tempo, recente e excepcionalmente um canal de TV denunciou falcatruas nas quais estão envolvidos o atual e o ex-governador do estado, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, o presidente da Alerj e seus familiares. Estão ganhando horrores com as Olimpíadas, expulsando comunidades de suas casas, realizando obras faraônicas que prejudicam toda a população da cidade.

No geral, a mídia empresarial é cúmplice dessas atrocidades, da corrupção, do desrespeito às leis, da Constituição, de qualquer princípio democrático. Esconde da maior parte da população os verdadeiros motivos que impulsionam tamanha barbárie. Palmas para o trabalho dos “Jornalistas Livres”, do “Diário do Centro do Mundo” entre outros pela real cobertura que estão fazendo dos fatos.

Em verdade, a burguesia declarou guerra ao povo brasileiro, em especial aos jovens, negros, de baixa renda, moradores das periferias e comunidades das grandes cidades. São dezenas de milhares de mortes por ano, centenas de milhares a lotar os presídios. Eles não podem estudar e não têm trabalho, são jogados na marginalidade e criminalizados por quem os discrimina, por quem tolhe suas oportunidades apenas para ganhar mais dinheiro, lucrar mais.

Nessas condições o Brasil é ingovernável. Não se trata apenas de uma crise econômica, política ou até mesmo de moral, como querem alguns. É a falência de um sistema carcomido, superado historicamente, que teima em se manter no poder, em fazer de tudo do pior para manter seus privilégios.

Afonso Costa
Jornalista