PCB-RR

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O choro de Cabral e o choro de Amarildo


"Não me dão pena os burgueses
vencidos. E quando penso que vão me dar pena,
aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.
Penso em meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias".
 

("Burgueses", de Nicolás Guillén)

Nicolás Guillén é um poeta maior. Poeta e revolucionário. Quando essas duas coisas se juntam numa só pessoa, virtudes das mais nobres entre as outras, temos aqueles raros: os imprescindíveis. Teoria e prática, intelectuais e homens de ação...Guillén, Ernesto Cardenal, Marti... Pensei muito em Guillén na tarde dessa segunda-feira. Perseguido tantas vezes na ditadura de Fulgêncio Baptista, voltou para Cuba depois da saída do tirano. E quando alguns de seus algozes foram presos, perguntaram a ele o que sentia. Respondeu com o poema "Burgueses", (com trecho acima reproduzido).


Lembrei-me de Guillén ao ver o governador do Rio acuado, em tom choroso, pedindo ternamente, feito um menino indefeso, que os manifestantes deixassem de fazer seu legítimo protesto próximo a casa dele. Não teve o pudor em poupar o nome e a idade dos filhos para alcançar seu intento. Já não tivera pudor para botar os filhos no helicóptero do amigo empreiteiro da Delta. Mas crianças são crianças e sempre nos tocam. Por algum momento, tal qual o poeta, pensei que iam me dar pena. Por algum momento, pensei em considerar seus argumentos.


Mas tal qual o poeta, apertei bem os dentes e fechei bem os olhos. Pensei nos filhos de Amarildo, o pedreiro da Rocinha que sumiu depois de ser visto pela última vez nas mãos dos servidores de Cabral, símbolos da política de segurança do governador. Tal qual o poeta, pensei nos longos dias da mulher e dos filhos de Amarildo. Sem camisa nem sonho, com a pele proibida...São tantos Amarildos nesse Brasil onde pobres não tem sapatos nem rosas nem tampouco direitos. Muitos no Rio de Cabral, que nunca pensou no filho de nenhum deles.


Tal qual o poeta, pensei nos longos dias das famílias da Maré, dos trabalhadores assassinados sem qualquer razão. Cabral ainda não falou sobre eles...Poderia lembrar de tantos outros como os da Maré...Pensei nos longos dias das pessoas vítimas de crimes forjados, prática tão comum por aqui, mais ainda com a política de Cabral.


Pensei nos meninos da Escola Friedenreich. Alguém há de me lembrar que ela é municipal. Não esqueci. Mas está saindo para que o governador melhor sirva seus amigos que ganharam o Maracanã. Tal qual o poeta, pensei nos longos dias sem abrigo nem nuvens daqueles meninos. Alunos de uma escola de excelência, forjaram ouro no meio do nada. Imaginem o trauma desses meninos quando souberam que iam sair dali. Cabral pensou neles?


Pensei de novo nos versos citados do poeta, dos dias sem abrigo nem nuvens (que imagem!) das vítimas das remoções criminosas de todos aqueles que estão no caminho dos "grandes eventos". Quão longos e traumáticos devem ser os dias dos meninos que tem um "X" desenhado na porta da casa humilde indicando que ela será posta abaixo. Cabral pensou neles? Alguém novamente lembrará que muitas dessas remoções são municipais. A força que dá o pé na porta é estadual. E afinal, seria ser muito idiota da objetividade achar que @sergiocabralrj e @eduardopaes_ são tão diferentes assim.


Pensei nos longos dias dos meninos que iam pelos braços dos pais na geral do Maracanã. Viam o jogo na carcunda dos pais, naquele ritual que todo homem sonha, o rito da passagem. Agora exclusivo dos que podem pagar o setor vip. Do Maracanã ferida que não fecha, como definiu tão bem Pedro Motta Gueiros. Destruído por Cabral rasgando a lei. Destruído com aval do IPHAN na calada da noite, como agem aqueles que não são transparentes. Ele mesmo que agora diz não ser um ditador. Ele mesmo que publicou o decreto 44.302/2013, da CEIV, Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas, que rasgava a constituição. Quem rasga a constituição é o que? O governador de tantos atos de exceção.


Por sorte, a sociedade civil e todos seus instrumentos se fizeram representar e vem forçando essa recuada do ditador que sonhou ser, acuado, patético como todo ditador acuado. Espécie de Sadam Hussein no buraco, Kadafi na manilha. Ele, Cabral, desnudo em sua patética biografia que vai se desmilinguindo. Que há poucos dias tirou os mesmos manifestantes debaixo de pauladas e gases, sem pensar nos filhos deles, na calada da noite. Agora, na fragilidade do buraco e da manilha onde os ditadores se esvaem, apela para um discurso emocional.


Mesmo pensando em nossos longos dias, não deixaremos de pensar em duas crianças. Que não pediram isso. Oxalá possam lá na frente superar o trauma do pai ter deixado tal obra. Realmente elas nada tem a ver com tudo isso. Não precisam ver que na esquina do pai deles falam um monte de verdades sobre ele. Ainda bem que tem a opção nesses dias de sair dali. Ir por um tempo para o Palácio das Laranjeiras. Ou quem sabe para a Mansão de Guaratiba. Talvez não dê mais para ir de helicóptero, abateram o governador-voador, o do reino do guardanapo, em plena farra aérea. Mas ainda dá para passar uma temporada longe dos protestos na mansão comprada com o suor do trabalho do pai deles. Desejo isso do fundo do coração. Crianças não tem mesmo que passar por isso.


Lamento apenas que os filhos do Amarildo não tenham palácios ou mansões pra onde correr. Lamento apenas que os filhos da Maré não tenham para onde correr. Lamento apenas que os meninos que iam na carcunda do pai na geral do Maracanã não tenham para onde correr. Lamento apenas que os filhos dos removidos não tenham para onde correr. E então, "quando penso que vão me dar pena, aperto bem os dentes e fecho bem os olhos". Pela certeza de que os acampamentos seguirão. Até que se preste conta de tudo. E para que se saiba que foi longe demais na farra.


Ps- se botar um pouquinho a cabeça para fora do buraco ou da manilha, o governador vai ver que as pessoas passam pelos acampados buzinando, abrindo a janela dos carros, gritando palavras de força. Para aqueles acampados pacificamente, vale dizer. E que os vizinhos, que poderiam estar incomodados, levam refeições, agasalhos. Pelo menos se pouparia de perder tanto tempo pensando em teorias da conspiração, manipuladores. É apenas a conta de tanto desmando que chegou. É aquela turma da "pele proibida" que veio cobrar a conta.
Texto de: Lúcio de Castro é um historiador/jornalista, que atualmente trabalha nos canais ESPN, como repórter e comentarista do programa, Bate-Bola,


Nota dos Editores:
Discordamos da forma como o autor caracteriza as prisões e assassinatos de Sadam Husseim e Muamar Kadafi pelo imperialismo, como se as invasões armadas ao Iraque e à Líbia tivessem tornado o mundo "mais seguro" ou as populações dos dois países "mais livres" sem eles. De toda forma, é o único "arranhão" em um correto e contundente artigo sobre o governador do Rio de Janeiro. (Secretariado Nacional do PCB)

TST condena Bradesco a indenizar familiares de vigilante morto

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou, por unanimidade, a Protege S/A Proteção e Transporte de Valores e o Bradesco a indenizar familiares de vigilante assassinado durante prestação de serviço ao banco. A decisão reformou entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), que havia indeferido o pedido. O valor exato da indenização será calculado pela 85ª Vara do Trabalho de São Paulo.
 
No dia 18 de julho de 2006, a agência do Bradesco na qual o vigilante, de 31 anos, trabalhava, em São Paulo, foi assaltada. Durante luta corporal com um dos assaltantes, ele foi alvejado por dois tiros e faleceu no local. Três de seus familiares - o irmão, o genro e o cunhado -, então, ajuizaram ação de indenização por danos morais decorrente de acidente de trabalho contra a Protege e o Bradesco.
 
Em sua defesa, as empresas alegaram que a morte do vigilante se deveu a caso fortuito ou força maior, e não em decorrência de sua atividade empresarial. Por isso, não teriam como evitá-la ou impedi-la. A culpa, dessa maneira, não existiria.
 
A juíza da 85ª Vara do Trabalho de São Paulo acatou os argumentos da defesa e julgou improcedente o pedido de indenização. Inconformados, os familiares recorreram da decisão, mas o TRT-SP manteve na íntegra a sentença.
 
No exame do recurso de revista, a Primeira Turma do TST reconheceu o direito dos autores da reclamação a receber indenização por danos morais. Os ministros reconheceram a existência de responsabilidade objetiva das empresas - que independe de existência de culpa ou dolo, fundamentando-se na chamada teoria do risco profissional -, condenando-as ao pagamento da indenização.
 
O relator, ministro Walmir Oliveira da Costa, destacou que a Lei 7.102/1983, que regula a matéria, dispõe que a atividade de vigilância ostensiva e o transporte de valores só podem ser executados por empresa especializada, e os vigilantes têm de receber formação em curso autorizado pelo Ministério da Justiça, o que reforça a convicção de que se trata de atividade que põe o trabalhador em risco.
 
Arbitramento
 
Embora reconhecendo a obrigação da empresa de indenizar, o valor da condenação não foi definido pela Turma. "A causa não está madura para possibilitar o imediato julgamento do mérito, no tocante ao arbitramento do montante a título de danos morais para os irmãos, sogro, sogra e cunhado do morto", observou o relator. 
 
Por isso, o processo retornará à 85ª Vara do Trabalho de São Paulo, para que esta promova o cálculo do valor da condenação.


TST

A Fundação Dinarco Reis e o Instituto Caio Prado Jr convidam:


Servidores do Hospital das Forças Armadas entram em greve e pressionam governo por demandas urgentes

 

Condsef
Os servidores do HFA (Hospital das Forças Armadas) estão em greve por tempo indeterminado desde esta segunda-feira, 29. A categoria busca pressionar o governo para que sejam atendidas demandas urgentes. Uma das questões cobradas pelo setor está num problema criado e reconhecido pelo próprio governo que não equiparou a tabela salarial do HFA com a do PGPE antes que os reajustes negociados no ano passado fossem aplicados. Isso trouxe prejuízo aos servidores que desde ano passado cobram solução urgente para a situação. A Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) chegou a dizer à Condsef que a intenção do governo era incluir solução para a questão num instrumento legal que seria enviado ao Congresso Nacional. Mas até agora tudo ficou apenas no campo das intenções.


A Condsef sugeriu que um termo de acordo fosse firmado nos moldes do negociado com a categoria no ano passado. Mas a SRT não sinalizou intenção de formalizar solução para o problema criado pelo próprio governo. Com a greve no HFA agora são dois os setores da base da Condsef em processo de paralisação de atividades. Nesta quarta-feira, 31, os servidores do Dnit promovem uma plenária da categoria para definir os rumos do movimento e ações para buscar destravar o impasse que permanece nas negociações com o Planejamento.

 
 A Condsef segue dando todo apoio aos setores de sua base em greve e incentiva toda categoria a reforçar a mobilização em torno de suas pautas pendentes. A pressão é fator fundamental para assegurar avanços em processos de negociação e o cumprimento de acordos que foram firmados pelo governo. Na última semana, a SRT informou a Condsef que só irá retomar a agenda de negociações com setores que firmaram acordo no ano passado a partir de setembro. Como o prazo limite para envio de propostas com impacto orçamentário segue atrelado ao dia 31 de agosto, a intenção do governo é protelar o atendimento das pautas da maioria dos servidores.


Greve em 2014 – Como uma das entidades integrantes do Fórum dos Federais, a Condsef vai continuar defendendo e buscando também a antecipação da parcela de 2015, referente ao reajuste de 15,8% negociado com a maioria dos servidores; além de seguir lutando pelo atendimento de outras demandas pendentes importantes para as categorias que representa. É nessa perspectiva que a Condsef propõe também a organização de uma grande greve em 2014 para pressionar e obrigar mais uma vez o governo a sentar e negociar com os servidores.

Administrar o neoliberalismo: lições do Brasil

 
A gestão do neoliberalismo por regimes de centro-esquerda é um exercício incômodo. A retórica do governo insiste em pintar um quadro de progresso social em um marco de desenvolvimento econômico. Mas as amarras do modelo neoliberal conspiram para anular os êxitos que poderiam ser obtidos. O neoliberalismo não foi feito para promover o desenvolvimento.

Alejandro Nadal
A gestão do neoliberalismo por regimes de centro-esquerda é um exercício incômodo. A retórica do palácio de governo insiste em pintar um quadro de progresso social em um marco de desenvolvimento econômico. Mas as amarras do modelo neoliberal conspiram para anular os êxitos que poderiam ser obtidos. O neoliberalismo não foi feito para promover o desenvolvimento.

Nos últimos anos surgiu o mito do milagre econômico no Brasil. A taxa de crescimento do PIB esteve acima da média da América Latina e seu desempenho exportador lhe permitiu manter um superávit significativo. Além disso, o aumento no gasto social lhe possibilitou reduzir a pobreza e diminuir a fome. O que podia dar errado?

As manifestações nas cidades brasileiras são produto de muitos fatores. Desde a péssima qualidade dos serviços públicos e da inconformidade com a corrupção, até a repressão aplicada pelos corpos de segurança. O movimento também está animado pela impaciência com a classe política que só ambiciona apoderar-se de cargos públicos para viver de suas rendas. Por enquanto, a desaprovação não têm mais perspectivas que o simples protesto. Mas esta conjuntura obriga a examinar a estrutura e o desempenho da economia brasileira sob o peculiar enfoque do PT.

Para começar tem que entender o mito do crescimento econômico no Brasil. Entre 1999 e 2011, o crescimento médio anual foi de 3%, nada espetacular e certamente muito abaixo das necessidades de geração de emprego que o gigante sul-americano tem. Nesses anos a economia brasileira foi dando cambalhotas, alternando anos de rápido crescimento (7% em 2010) com outros de mal desempenho (rombos de menos 0,2% em 2003 e 2009).

O desemprego aberto no Brasil alcança 6% da PEA (2011). Para os padrões europeus em plena crise esse dado parece reduzido. Mas deve ser manejado com cautela. Entre 2000 e 2007 51% do emprego total no Brasil se concentrou no setor informal. Como em toda a América latina, o setor informal é um grande gerador de emprego e o perfeito disfarce para o principal problema econômico do capitalismo.

Na década dos anos noventa, foram aplicados, no Brasil, fortes programas de estabilização, com esquemas de contração salarial, ajuste fiscal e até a criação da nova moeda, o real. A inflação reduziu-se de níveis superiores a 2.000% até níveis historicamente baixos (cerca de 5%). Desde então impera a política macroeconômica restritiva, com as taxas de juros mais elevadas da América latina.

Os dois governos de Lula procuraram conciliar as diretrizes do neoliberalismo com objetivos de justiça social. Para não alterar os equilíbrios da macroeconomia neoliberal, se optou pelo caminho do assistencialismo. Para obter os recursos necessários se incrementou a pressão fiscal até alcançar 36,2% do PIB em 2012. Esse é um nível que corresponde ao de um país com bons serviços públicos, mas no Brasil predomina a má qualidade em matéria de saúde, educação e transporte.

A política fiscal é de corte neoliberal absoluto e seu principal objetivo é gerar um superávit primário (diferença entre ingressos e gastos líquidos de encargos financeiros). O superávit primário é um montante que poderia ser investido em saúde, educação e transporte, mas se destina a cobrir cargas financeiras. O ano passado ultrapassou 53 bilhões de dólares, soma equivalente a 2,3% do PIB, mas inferior à meta de 3% do PIB: o Brasil manteve um dos níveis mais altos de superávit primário do mundo.

Por outro lado, a estrutura do imposto sobre a renda não é progressiva e uma boa parte da carga é suportada pelos trabalhadores de poucos ingressos. Além disso, o peso dos impostos sobre mercadorias e serviços na arrecadação total é desmedido: 48% da arrecadação total provém deste imposto regressivo que onera com a mesma taxa ricos e pobres. O arrecadado pelo imposto representa cerca de 12% do PIB no Brasil, um escândalo.

As bases do setor exportador não são robustas. Cerca de 55% das exportações provém do setor primário, com um enorme custo social e ambiental. A volatilidade dos preços destes produtos básicos é bem conhecida e, por isso, em 2012 o Brasil teve seu pior superávit comercial em dez anos. A indústria brasileira teve um mau ano em 2012 e subsistem sinais de fragilidade no setor manufatureiro. Por outro lado, o modelo de agronegócio brasileiro é um fracasso social, ambiental e econômico, mas os grandes consórcios desse país, com o consentimento do governo, pretendem exportá-lo para Moçambique e outros países da África.

Finalmente, em matéria social, a redução da pobreza no Brasil foi real, mas modesta. Este país continua entre os com maior desigualdade no mundo. Para os partidos da esquerda institucional na América latina, as lições são claras. No final do caminho, as contradições do neoliberalismo são insuperáveis: nem desenvolvimento, nem rosto humano.

Alejandro Nadal é membro do Conselho Editorial de SinPermiso

Tradução: Libório Júnior

 
 
 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Conferência Nacional dos Bancários define minuta para Campanha Salarial 2013

Rita Lima: coordenadora do Seeb/ES
A 15ª Conferência Nacional dos Bancários, que aconteceu de 19 a 21 de julho, em São Paulo, aprovou a minuta de reivindicações para Campanha Salarial 2013, que será entregue à Fenaban no próximo dia 30. Entre as propostas aprovadas estão o índice de 11,93%, referente à inflação projetada do período (6,6%) mais reajuste de 5%; piso com base no salário mínimo do Diesse (R$ 2.860,21); fim da terceirização e combate ao assédio moral. O encontro reuniu 629 delegados de todo o país, dos quais 422 homens e 207 mulheres.

A conferência foi marcada pela unidade dos setores de oposição, na tentativa de desconstruir a hegemonia da corrente Articulação Bancária (Artban) – atrelada à CUT e ao governo – que dirige nacionalmente o movimento sindical bancário. O Sindicato/ES, que integra o campo de oposição, defendeu uma Campanha Salarial mais combativa e ousada, a fim garantir que as demandas da categoria sejam realmente contempladas em relação às questões como salário, emprego, condições de trabalho, saúde e segurança.

“Essa Campanha Nacional se dará em uma conjuntura em que a juventude e a classe trabalhadora estão nas ruas protestando e pedindo reformas populares que garantam melhores condições de vida. A maioria cutista ainda não acordou para essas vozes e continuamos com uma estratégia de campanha salarial aquém das necessidades da categoria bancária. Apesar disso, vamos discutir a minuta com os bancários da base e iniciar essa Campanha com a unidade e a força necessárias para garantir conquistas”, avalia Carlos Pereira de Araújo (Carlão), coordenador do Sindicado dos Bancários/ES, que representa o estado no Comanado Nacional de Negociação dos Bancários.

Índice de reajuste

Os setores de oposição e outros segmentos sindicais conseguiram definir uma proposta unitária de índice, de 18%, considerando a inflação do período e a lucratividade dos bancos. Mesmo assim, o setor majoritário da CUT, com maioria de delegados, aprovou o índice de 11,93% (inflação projetada mais reajuste de 5%), desconsiderando as perdas salariais e o lucro das instituições financeiras.

“A lucratividade dos bancos é cada vez maior, fruto de uma exploração intensa do trabalhador bancário e de clientes, e essa proposta de índice, infelizmente, não dialoga com as necessidades da categoria”, critica Carlão, diretor do Sindicato/ES.

PLR

A plenária final do Congresso aprovou a proposta de três salários mais R$ 5.553,15, defendida pelo setor majoritário da CUT. O Sindicato/ES, em conjunto com os demais setores de oposição, defenderam a proposta de 25%, distribuída linearmente entre todos os empregados.

“Atualmente, a proposta de PLR beneficia muito mais os funcionários dos altos cargos, aprofundando uma lógica desigual entre os trabalhadores. Os bancários com menores salários, que são maioria e que assumem a maior parte dos serviços, acabam sendo prejudicados em função da não linearidade. Por isso defendemos uma PLR linear, distribuída igualmente entre todos os bancários”, explica Rita Lima, diretora do Sindicato/ES.

Piso salarial

Por unanimidade, a plenária final da Conferência aprovou a proposta de piso salarial com base nos cálculo de salário mínimo do Dieese, com valor de R$ 2.860,21;

Emprego

No eixo de emprego foram aprovados: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que libera geral e precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;

Segurança

Prevenção contra assaltos e sequestros, com fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;

Fim das metas

Novamente, a redação da minuta da categoria pede apenas o fim das metas abusivas, e não o fim das metas, como defendeu o Sindicato/ES e os setores de oposição bancária. Na avaliação da Maristela Corrêa, a resolução não avança para luta contra a imposição de metas e o consequente assédio moral. “Não existem metas mais ou menos abusivas, as metas são instrumentos que servem para intensificar a exploração dos empregados e é o principal instrumento pelo qual se institui o assédio moral. A cobrança de metas tem gerado um adoecimento cada vez maior na categoria e não podemos defender essa prática. Vamos continuar lutando para que, nos próximos congressos, a categoria se posicione contra a imposição de metas”, argumenta a diretora.

Assédio moral

A plenária votou pela manutenção da cláusula de assédio moral que prevê que os casos de assédio não sejam denunciados e sofram uma investigação interna do banco para apuração. O Sindicato defendeu a exclusão desse texto da minuta.

“Os bancos estão se utilizando dessa cláusula para se defender, afirmando que não existe assédio moral e que a categoria bancária é a única com uma clausula que regula ‘conflitos no trabalho’. Na prática, a cláusula não tem efeito para a categoria, porque as denúncias são apuradas pela própria instituição financeira e nunca são confirmadas”, explica Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato/ES.

O Congresso Estadual dos Bancários/ES já deliberou, diante da ineficácia da cláusula e de suas consequências, que o Sindicato não assinará esse Acordo, como faz desde a implementação do termo.

Igualdade de oportunidades

Foi aprovado pro consenso a inclusão de uma cláusula que reivindica a contratação de pelo menos 20% de trabalhadores afrodescendentes, a fim garantir a igualdade de oportunidade nos bancos;

Agenda política

Os 629 delegados que participaram da conferência também aprovaram uma agenda política, com temas da conjuntura nacional que precisam ser discutidos com os bancários e com a população. São eles:

* Combate sem tréguas ao PL 4330, que precariza as relações de trabalho.
* Reforma política, para democratizar o Estado.
* Reforma tributária, para corrigir injustiças.
* Marco regulatório da mídia visando democratizar as comunicações.
* Conferência Nacional do Sistema Financeiro.
* Investir 10% do PIB na educação pública.
* Investir 10% do orçamento em saúde.
* Transporte público de qualidade.

Dívida pública fica de fora

O Sindicato dos Bancários/ES defendeu a inclusão da auditoria da dívida pública nos eixos de campanha, mas a proposta foi negada pela corrente majoritária da CUT. O Sindicato fez um apelo para que as correntes reflitam e voltem a discutir o tema.

“Os grupos governistas não têm interesse em fazer esse debate com a sociedade para não expor a política econômica equivocada dos governos Lula e Dilma – que é a mesma de Fernando Henrique Cardoso — que destina quase metade do orçamento geral da união para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública (quase 800 bilhões), dinheiro que deveria ser destinado para a saúde, educação, mobilidade urbana etc, e acaba indo integralmente para o bolso dos banqueiros”, diz Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato/ES.

Idelmar destaca ainda que a redução da dívida pública por meio de auditoria é não só necessária como possível, citando como exemplo a realizada pelo governo de Rafael Correa, no Equador, que conseguiu reduzir em 70% a dívida pública do país.

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;

Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;

Dias de greve

O Sindicato dos Bancários/ES defendeu resolução de que o comando não aceite propostas de acordos que contenham compensação ou descontos dos dias de greve. “Se a greve é um instrumento legal, esses dias têm que ser abonados”, explica Carlos Pereira de Araújo (Carlão).

A proposta aprovada pela plenária, contudo, propõe uma Campanha junto às direções dos bancos a fim de pressionar para que não haja descontos ou compensação. Caso não se chegue a um acordo com a Fenaban, a decisão será submetida às assembleias.

“A resolução é importante, mas deixa possibilidade para aceitar propostas com compensação e descontos, que, na verdade, são formas de punição aos bancários que exercem o direito legítimo de greve. Por isso defendemos que a conferência aprovasse uma resolução de princípio político, de não aceitar nenhuma proposta de acordo com compensação ou desconto dos dias parados”, comenta Carlão.

Calendário de luta

A 15ª Conferência aprovou ainda um calendário de luta que envolve a Campanha Nacional dos Bancários e a luta das centrais sindicais. Confira:

Até 29/07 - Realização de assembleias para aprovar a pauta definida na 15ª Conferência.

30/07 - Entrega da pauta de reivindicações à Fenaban.

06/08 - Dia Nacional de Luta contra o PL 4330.

12 e 13/08 - Mobilizações em Brasília para convencer os parlamentares a rejeitarem o PL 4330.

22/08 - Dia Nacional de Luta dos Bancários, com passeatas no final do dia.

28/08 - Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização.

30/08 - Greve de 24 horas, em defesa da pauta geral dos trabalhadores apresentada ao governo e ao Congresso Nacional, apresentada pelas centrais sindicais.

Com informações da Contraf 
 
Fonte:http://www.bancarios-es.org.br/

Aumento real é reduzido para 5% apenas

A Bahia e Sergipe queriam mais, afinal o lucro líquido dos bancos bate recorde a cada ano e em 2012 ultrapassou os R$ 50 bilhões. No entanto, como sempre, o índice aprovado na Conferência Nacional dos Bancários, realizada no fim de semana, em São Paulo, foi rebaixado para 5% de aumento real mais a reposição da inflação, projetada em 6,6%.
 
O percentual de 11,93%, defendido pela corrente ligada a CUT, está longe do que reivindicavam os delegados classistas da Bahia e Sergipe, 10% de aumento real mais a inflação do período, ou seja, reajuste em torno dos 17%.

“O evento teve debates importantes, mas no quesito remuneração deixou a desejar. Os bancos formam o setor mais lucrativo da economia nacional, no entanto, o funcionário não é valorizado. Pelo contrário. Sofre com a cobrança de metas, o assédio moral e o desemprego. A categoria merece mais do que 5% de aumento real”, destaca o presidente do Sindicato da Bahia, Euclides Fagundes.
 
A pauta de reivindicações inclui ainda piso de R$ 2.860,21, PLR de três salários mais parcela adicional fixa de 5.553,15, vales de um salário mínino, ou seja, R$ 678,00 garantia de emprego, mais contratações, investimento em segurança e o combate ao projeto de lei 4330, que regulamenta a terceirização e precariza as condições de trabalho.
 
A Conferência Nacional dos Bancários reuniu, em três dias, 629 delegados de todo o país, eleitos nas etapas regionais. A delegação da Bahia e Sergipe era composta por 31 pessoas entre delegados e observadores. Agora, a mobilização entra em nova etapa, com a entrega da minuta no dia 30 de julho, o lançamento oficial da campanha salarial e as tradicionais manifestações nas agências.
 
Principais pontos aprovados
 
Reajuste salarial de 11,93% – 5% de aumento real, mais inflação (projetada em 6,6%)
PLR – três salários mais R$ 5.553,15
Piso – R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese)
• Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá – R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional)
• Melhores condições de trabalho com o fim das metas e do assédio moral 
Emprego – fim das demissões em massa, ampliação das contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações e contra o PL 4330 que libera e precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe dispensa imotivada)
PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) – para todos os bancários
Auxílio-educação – pagamento para graduação e pós
Segurança nas agências e proibição do porte das chaves de cofres e unidades por bancários
Igualdade de oportunidades, com a contratação de pelo menos 20% de afro-descendentes
 
http://www.bancariosbahia.org.br

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Chapa branca


É louvável que as centrais sindicais voltem às ruas com suas reivindicações, ao lado dos partidos políticos tentando retomar a iniciativa perdida desde o primeiro governo Lula.

Sua pauta de reivindicações centrais sindicais traduz o sentimento da maioria da população: a falta de dinheiro aliada ao pouco caso do governo federal e do congresso para com os trabalhadores, tanto ativos quanto aposentados.
 
Uma olhada pouco mais cuidadosa à essa pauta, entretanto, expõe a contradição entre as reivindicações e a política de um governo que se diz capitaneado por um suposto Partido dos Trabalhadores. Senão, vejamos:
 
A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais propiciaria mais empregos, renda e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. O governo e seus aliados jamais encaminhariam tal proposta no congresso, pois a maioria da base aliada é composta por empresários, que não têm o mínimo interesse, muito pelo contrário, de reduzir seus lucros. Seriam necessárias inúmeras isenções fiscais e outros tipos de “incentivos” para existir a mínima probabilidade de tal proposta ter vida útil.
 
O fim do fator previdenciário e a melhoria das aposentadorias também não têm a menor chance de gorar. O governo e sua base são ferrenhos defensores do pagamento de uma dívida que não existe, mas ainda que existisse já teria sido paga inúmeras vezes. Sua aliança principal é com o capital, seu mentor e principal esteio de sustentação. Impossível imaginar retirarem recursos públicos de monta para favorecer o público.
 
O fim dos leilões do petróleo e a sua nacionalização integral via Petrobras são improcedentes pelo mesmo argumento. Desde Collor vivemos o império do neoliberalismo, consubstanciado no Consenso de Washington. Dilma e o PT – seus aliados então nem pensar – não possuem convicção política e muito menos ideológica para enfrentar o capital.

 
Já a proposta de reforma agrária é um autêntico chover no molhado. O Brasil é o único país com o capitalismo plenamente desenvolvido que não a realizou. Desde as capitanias hereditárias somos reféns de meia dúzia de posseiros que se auto-intitulam produtores rurais. O agronegócio possui cerca de 200 deputados federais, é a força mais organizada no congresso, daí não entender como o MST consegue conversar com o PT.
 
Transporte público e de qualidade significa ir contra os interesses dos empresários do setor, hábeis em financiar campanhas eleitorais de prefeitos, governadores, vereadores e deputados, tanto estaduais quanto federais. É brincadeira!
 
A terceirização é outra proposta sem perspectiva, afinal é preciso reduzir o ‘custo Brasil’. Os próprios sindicatos, federações, confederações etc. utilizam os seus serviços, como cobrar aquilo que eles mesmos não praticam? Poupem-nos!
 
As únicas chances, ainda que remotas, de algumas dessas propostas serem aprovadas recaem sobre os 10% do PIB para a educação e os 10% do Orçamento Geral da União para a saúde. O primeiro é mais viável pois existe um projeto em debate no congresso, apesar de uma manobra do governo federal ter feito ser aprovada no Senado proposta que reduz em cerca de R$ 200 bilhões os recursos para a educação nos próximos 10 anos.
 
Os profissionais da saúde foram mais pragmáticos ao reivindicar 10% do Orçamento Geral da União, já que é mais fácil mensurá-lo e controlá-lo. A dificuldade está no governo ceder, uma vez que 48% do mesmo é direcionado para o capital financeiro, o que lhe deixa pequena margem de manobra para comprometer esses 10%.
 
 

As contradições entre a pauta de reivindicações das centrais sindicais e a política do governo e do congresso são nítidas. Será que os sindicalistas vão se desfiliar dos partidos políticos que sustentam Dilma e seus aliados para lutar por essa pauta ou vão continuar dando uma no cravo e outra na ferradura?
 
 
 
Afonso Costa
Jornalista

terça-feira, 9 de julho de 2013

Por quê a "Bolsa Banqueiro ou Bolsa Rentista" não incomoda a classe média?

Por quê a "Bolsa Banqueiro ou Bolsa Rentista" não incomoda a classe média ?
Esta enorme área em amarelo que você vê é a chamada "Bolsa Banqueiro ou Bolsa Rentista", ela corresponde a 45,05% do orçamento nacional. Mas como a grande mídia silencia sobre o assunto, este é um dado pouco divulgado ou discutido. Já a "Bolsa Família" que corresponde a um "risquinho" neste orçamento, por conta da enorme repercussão que ela encontra na impressa, é assunto do nosso dia a dia. Por conta disso o grande montante retirado de todos nós para pagar os lucros de meia dúzia não incomoda ninguém. Porém,o pequeno valor gasto com programas como a "Bolsa Família" são dignos  de reclamações histéricas da nossa alienada classe média alta. É aquele negócio: para os ricos tudo, para os pobres nada.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Desperta, bancário!

Targino*

Se muitos fatores contribuem e levam o trabalhador brasileiro à acomodação e à aparente letargia, outros tantos determinam seu despertar.

O povo nas ruas, em manifestações espalhadas pelo país, além dos muitos motivos, mostra o caminho, o momento, a hora.

O movimento inicialmente localizado em São Paulo e no Rio de Janeiro, com apenas alguns milhares de manifestantes, protestando contra os altos preços e a baixa qualidade do transporte público, ora se espalha por várias cidades brasileiras, em diversos estados, atinge números agora contados em centenas de milhares e aponta inúmeras razões para o descontentamento. E, entre tantas, claro, o câncer da corrupção. 

Câncer adquirido em herança maldita, que contamina e corroi nossas instituições, desde a colonização, persistiu e ultrapassou os salões do império e se desenvolveu e estabilizou nos diferentes momentos da nossa história republicana, nos mais distintos níveis. Nem mesmo a frustração da trama do mensalão lhe serve como barreira de contenção. Verdadeiro polvo, espalha múltiplos tentáculos e sobrevive com naturalidade. Corroi e priva o povo de ensino, saúde e segurança pública de qualidade. Priva-o de saneamento básico e de abastecimento regular de água tratada. Câncer que impõe falta de oportunidade a milhões de brasileiros e os remete à mais absoluta miséria.

Legítimo, portanto, o movimento denuncia e se opõe aos descasos e desrespeitos à cidadania. Por conseguinte, recebe apoio dos mais distintos segmentos sociais. Da classe trabalhadora, naturalmente.

E aí, conscientes da força que advém do coletivo, é hora, bancários, de fazermos coro às vozes que agora rompem o silêncio. Juntemo-nos a elas, aumentemo-lhes a força.

Assim fazendo, o bancário afastado da luta retomará o exercício do embate coletivo, de cuja prática necessitará dentro da própria categoria, quando setembro chegar.

Assim, quando setembro chegar, bancários unidos e fortalecidos dirão aos patrões e aos aliados destes que, doravante, os direitos da categoria serão respeitados.

Assim, quando setembro chegar, bancários antigos (pré-1998) se juntarão aos novos e, unidos e fortalecidos, clamando pelo princípio da isonomia, nos bancos públicos, exigirão do Poder Executivo Brasileiro o restabelecimento dos direitos que lhes foram subtraídos na era FHC e tiveram continuidade nos governos Lula e Dilma, que o sucederam. Deram continuidade gozando de anuência e concordância do setor majoritário do movimento sindical brasileiro que, nos bancos, é representado pela Contraf-CUT. Exigirão, portanto, que, assim como a subtração de licença-prêmio, abono assiduidade e adicional por tempo de serviço se deu por força de atos do Executivo, por meio de Portarias Ministeriais, também por força de atos de idêntica natureza seja feito o restabelecimento. Logo, diferente do jogo de cena atualmente praticado no Legislativo que, em atenção ao Executivo, põe e retira de pauta um projeto de lei que, sabemos, a não ser por pressão popular, jamais será votado.

Assim, quando setembro chegar, bancários novos se juntarão aos antigos e, unidos e fortalecidos, exigirão a justa e necessária recuperação das perdas salariais que remontam, em lastimável memória, aos governos FHC, cujos percentuais, em alguns casos, giram hoje em torno dos 100% (cem por cento).

Assim, a partir do exercício de agora, antes mesmo de setembro chegar, escriturários ou gerentes – trabalhadores, portanto – simplesmente bancários se reconhecerão e, na busca de resultados que a todos favoreçam, exigindo condições adequadas de trabalho, não se submeterão às jornadas excessivas de trabalho nem ao assédio moral.

E, por fim, quando setembro chegar, em assembleias, dirão aos banqueiros e seus prepostos, ao governo e ao seu escritório de representação instalado na Contraf-CUT que a farra das negociatas com os direitos do trabalhador bancário acabou. Os acordos rebaixados agora são coisas do passado, assim como, também, assinatura de convenção e de acordos somente depois de negociados e anistiados os dias não trabalhados por decorrência de greves.

Assim, desperta, trabalhador brasileiro!

Assim, desperta, bancário brasileiro!

(*) – Raimundo Targino Júnior é bancário da Caixa, há 35 anos. Exerce, atualmente, o cargo de Secretário de Finanças e Administração no SEEB-MA.

Fonte:http://www.bancariosrn.com.br/

domingo, 7 de julho de 2013

O petismo e seus expedientes ditatoriais

                      
O Olhar Comunista fecha a semana comentando a nota ‘Marinha ocupa terminal da Embraport em Santos’, divulgada pela corrente sindical Unidade Classista de São Paulo, mais um expediente do petismo que se assemelha à extrema-direita.
 
 
Chega a ser risível que setores da base de sustentação do governo tenham espalhado uma “ameaça de golpe de extrema-direita”, afinal de contas, o ex-presidente e o atual ministro da Educação (ambos do PT) elogiaram publicamente figuras ligadas à última ditadura no Brasil, o ministro da Justiça (do PT) ofereceu ao governo de São Paulo a “ajuda” da Polícia Federal no controle de manifestações de rua, a Força Nacional de Segurança (do Palácio do Planalto petista) "desceu o sarrafo" em manifestantes nas cidades-sede da Copa das Confederações e o ministro dos Esportes (do “PseudoB”) por mais de uma vez declarou que apoiava o uso da força contra a esquerda que ocupava as ruas.
 
 
Há pouco tempo, eram os trabalhadores de Suape que sofriam com a monitoração de agentes da Abin, enquanto militantes do MST são assassinados sem que o governo ao menos se empenhe na resolução dos crimes. Enfim, PT e aliados são agentes ativos na criminalização da luta e na guinada à direita na sociedade – e só devido à sua extrema cara-de-pau tentam posar de guardiões da democracia...
 
 
A última, afirma a Unidade Classista, ocorreu no terminal da Embraport - uma das empresas privadas beneficiadas pela chamada "modernização dos portos", nada além da privatização financiada com recursos públicos.
Nessa semana, estivadores entraram em estado de greve no terminal. A movimentação, além de ser acompanhada por órgãos de segurança como a Abin, contou com o “reforço” da Marinha de Guerra, que com uma fragata e lanchas com fuzileiros ocuparam o cais para evitar que os estivadores ocupassem um navio atracado, parte da mobilização grevista.
Por fim, uma “nota de rodapé”: o terminal, que contou com a “segurança” da Marinha, tem entre seus proprietários o senhor Eike Batista - que deve, só ao BNDES, R$ 11 bilhões...
 
Fonte: pcb.org.br

NÃO AO PACTO DA DILMA E DO PT!


A presidenta está nua

            
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Mário Maestri
CORREIO DA CIDADANIA
Desta vez, foram multidões, e não uma criança, que gritaram, impiedosas, o “rei está nu”, pondo fim às construções fantasmagóricas sobre o sucesso social do modo de governar petista. Conto da carochinha divulgado pela grande mídia no país e no mundo, já que celebrava o sucesso de administração convertida ao social-liberalismo. Apesar dos gritos populares crescentes sobre sua impudicícia, Dilma manteve-se quietinha, fazendo-se de morta, rezando para que acreditassem que a luta contra o aumento das passagens não lhe dizia respeito.
 
 
As multidões desbordantes puteavam os aumentos dos transportes e os estádios faraônicos, apontando para a indecente degradação da saúde e da educação públicas. Muito logo, registraram em forma desorganizada a insatisfação com as condições gerais de existência, sobretudo nas grandes metrópoles. Rolaram pelo ralo das elucubrações marqueteiras as propostas do Brasil potência, país onde dominaria majoritariamente pujante nova classe média, que entrava garbosamente no mercado consumidor, arrancada da penúria pelos doze anos de reino petista.
 
 
A sustentação irresponsável da produção nacional por meio de consumo financiado, sem expansão substantiva do valor dos salários, tencionara a economia popular e o tecido metropolitano, atulhado de automóveis, com meios de transporte caros e deficientes e população trabalhadora enviada às periferias distantes. As populações urbanas levantavam-se contra a proposta social perversa de que pagassem o transporte, o colégio privado, o plano de saúde, a segurança e os cambaus, com seus magros salários, para a alegria de insaciáveis interesses privados.
 
 
Reeleição garantida
 
Para reeleger-se, Dilma Rousseff apostou todas as suas fichas na interpretação dos interesses privados dominantes, nacionais e internacionais. Construiu mega-ministério de quase quarenta picaretas e base parlamentar de centenas de outros roedores. Seguiu privatizando, sem pena, bens públicos, como aeroportos, portos, petróleo, estradas, ferrovias.. Fez do BNDES sucursal do grande capital, patrocinando em primeira pessoa aventureiros como Eike Baptista, o inacreditável senhor das empresas X.
 
 
A presidente fechou a cara para os anseios populares e nacionais. No altar do agronegócio, sob os auspícios da bruxa de Abreu, sacrificou as reivindicações dos, e, se preciso, os sem-terra, quilombolas e nativos. Seduziu os fundamentalistas, vestindo as pudicas vestes de primeira carola nacional. Pisoteou sem dó o laicismo e direitos cívicos nacionais: interrupção da gravidez; criminalização da homofobia; casamento homoafetivo; isenção fiscal, direitos e privilégios legislativos e de Estado para lideranças fundamentalistas etc. Liquidou o pouco de independência que mantinha a política externa brasileira. Cria sua reeleição certa e segura.
 
 
Tudo inutilmente. Ao explodir, o desgosto popular farejou culpados subalternos para terminar apontando para o governo federal, responsável maior pelo destino da nação. Então, das elevadas alturas, as avaliações de Dilma Rousseff despencaram ladeira abaixo. Pior ainda, no calor da crise, a presidenta expôs seu enorme despreparo para enfrentar semelhantes conjunturas. A lembrança de Lula da Silva como eventual candidato em 2014 confirmou a cabotinice do ex-presidente em designar substituta pouco qualificada para posto ao qual sonha retornar.
 
 
Surpreendida em pleno abandono da orientação neodesenvolvimentista, Dilma Rousseff prosseguiu, sem correção de rumo, a orientação autista e conservadora de sua administração. No dia 24, monologou com a nação, propondo cinco pactos nacionais. Iniciou pelo fiscal, ou seja, pela promessa ao grande capital de contenção de gastos públicos e cortes de investimentos. Portanto, deixou de saída claro que eram retóricas as promessas referentes à saúde, educação e transportes ..
 
 
Com enorme sem-cerimônia, limitou-se a reafirmar projetos anteriores sobre a educação e saúde. Relembrou as propostas de contratação de médicos estrangeiros, de ampliação das vagas nas escolas de medicina, de desonerações de impostos do transporte público, de emprego de 100% dos royalties do petróleo para a educação ─ ou seja, bem menos de 10% da renda petrolífera entregue ao grande capital privado.
 
 
Pega-bobo eleitoral
 
De novo, apenas a proposta retirada do bolso do colete de seus marqueteiros de plebiscito sobre constituinte restrita que abordasse a ... reforma política, eterna preocupação das classes dominantes, necessária ao reequilíbrio da expressão de suas forças e à consolidação da desprestigiada democracia representativa. Paradoxalmente, questão com alguma ressonância nos setores sociais atrasados, incorporados às mobilizações após sua massificação, setores sob a influência da mídia e dos partidos da direita tradicional.
 
 
A população exige passagem livre e hospitais, farmácias, escolas, universidades, postos de saúde públicos de qualidade. A presidenta oferece a discussão das coligações; listas eleitorais; voto distrital puro ou misto etc. Pega-bobo lançado à população enfarada com a representação parlamentar burguesa, que sonha, ingenuamente, como meio de reforma social, a redução radical do número, salários e privilégios de parlamentares, secretários, ministros, caso não possa fazer mais.
 
 
A reforma política não é pauta popular. É enorme o consenso que, mutatis mutandis, tudo permanecerá, no essencial, como “dantes, em nosso triste quartel de Abrantes”! Sequer o financiamento público das campanhas, proposta querida dos partidos de esquerda seduzidos pela integração parlamentar ao Estado, conta com largo apoio. Com razão, teme-se financiamento público milionário de partidos, reais e biônicos, associado ao financiamento privado direto ou indireto, por de baixo do poncho!
 
 
A rejeição da constituinte seletiva para a reforma política pelos órgãos máximos das classes dominantes nacionais ensejou que fosse substituída por proposta ainda mais acanhada e esdrúxula, de pronunciamento plebiscitário sobre questões apresentadas pelos picaretas no congresso e no governo! Tudo feito logo, logo, para que a presidenta chegue em 2014 com algo nas mãos, além dos previstos aumentos do juro básico e superávit primário; cortes nos gastos públicos; arrocho do salário mínimo; interrupção da reforma agrária; descumprimento da agenda civil nacional etc.
 
 
Não há inocência
 
Não se creia que a manipulação plebiscitária seja iniciativa despida de caráter performativo. As manifestações fluviais redefiniram a correlação social de forças no Brasil, comprovando a capacidade popular de pautar a vida político-social e de arrancar conquistas substanciais às classes dominantes. Entretanto, entraram já no inevitável ciclo regressivo, sobretudo devido à inexistência de pauta programática exequível, por além da conquistada redução do valor das passagens nas grandes e médias metrópoles, e de direção autêntica centralizadora.
 
 
Inexistência de pauta programática unificada devido, sobretudo, à paradoxal ausência da classe operária organizada. Ausência para a qual contribuiu substantivamente a ação da venal direção governista da CUT, que reina monopolicamente sobre a grande central, sobretudo após a multiplicação oportunista e interessada de centrais, que registraram na presente conjuntura sua total inoperância social e política – Força Sindical, UGT, CTB e Nova Central, além de CSP-Conlutas, CSB e CGTB.
 
 
Vendo minimizado seu poder de barganha, quando já se chamavam greves gerais pelo facebook, a direção da CUT dispôs-se a ingressar com barulho no coliseu da luta social. Desde que os gladiadores e os leões tivessem se retirado da arena, é claro. Preocupada em não qualificar o movimento popular com o ingresso dos trabalhadores organizados, chamou suas tropas “para dia nacional de luta”, e não para greve geral, marcado para o então distante 11 de julho. Esperam realizar parada prestigiosa e certamente não combativa mobilização para a luta.
 
 
Uma aposta cuidadosa, que comporta grandes riscos. Se for demasiadamente tímida e não se aproximar da dimensão das passadas concentrações populares, a demonstração enfatizará a recente marginalização do movimento sindical organizado. Se for grande a adesão de trabalhadores e populares, o “dia nacional de protesto” dará um novo impulso às mobilizações anti-governamentais e antissistema. Ainda mais que a população pode se servir da respeitosa pauta de reivindicação da CUT para armar-se de real programa para a luta social e política.
 
 
No seu respeito canino ao governo federal, a burocracia cutista sequer integrou às reivindicações do dia 11 o aumento imediato do miserável salário mínimo, cancelamento das concessões petrolíferas, nacionalização dos bens públicos privatizados e dos meios de transporte. Para não falar da luta pela convocação de Assembléia Nacional Constituinte, ampla, geral e irrestrita, com direito democrático de eleição dos constituintes, que entregue à população nacional enfarada com as atuais instituições elitistas o direito soberano de decidir seus destinos ­– pagamento da dívida, nacionalização do petróleo, estatização do transporte etc.
 
 
Novo período
 
Vivemos em junho as mais poderosas mobilizações jamais conhecidas no Brasil. Por sua autonomia e seu caráter combativo e antissistema, superam qualitativamente as marchas pelas Diretas Já, de 1983-84, sob o total controle dos partidos oposicionistas, ou as de Fora Collor, de 1992, dirigidas pelos partidos e, sobretudo, pela grande mídia, com destaque para a pentida Rede Globo, em momento em que o impeachment era inevitável. Essas jornadas registram importantes modificações na consciência da população brasileira concentrada nas grandes metrópoles, ensejadas pela ampliação do assalariamento e instrução.
 
 
Fortaleceu-se enormemente o movimento social, que depois de décadas pautou novamente as classes dominantes, obrigando a mídia conservadora a contorções verdadeiramente indecorosas. Fortaleceu-se também a capacidade de intervenção e manipulação conservadora, através principalmente das redes sociais e de segmentos sociais médios. O que permitiu que o petismo e o governismo iniciassem a velha gritaria de “Socorro! Olha o lobo”, sobre possível golpe direitista. Algo talvez compreensível, já que habituados a manter o grosso da direita brasileira, legal ou ilegalmente, como aliados assalariados de sua base parlamentar. Proliferaram as propostas de frente, de aliança e de pactos de esquerda contra a direita fascista, procurando desviar os golpes do governo do capital de turno.
 
 
Não há qualquer perigo de golpe de Estado. Como Lula da Silva, Dilma Rousseff foi escolhida como representante da ditadura democrática do capital no Brasil, e permanece como tal. Que proporia o novo governo direitista: a privatização do petróleo; o pagamento disciplinado do capital financeiro; a proteção canina do agronegócio? O descontrole do petismo sobre as grandes massas urbanas abre, isto sim, espaço para que partidos da direita tradicional proponham-se como melhores defensores do capital e da propriedade. Como permite que eventualmente se expandam as exigências de facções do capital para manter seu apoio ao governo, como já ocorre.
 
 
O novo período fortalece também propostas concorrentes ao petismo, como a ensaiada pela Rede, de Marina da Silva, sob o patrocínio do capitalismo verde, ou de cunho populista-autoritário, como eventual composição eleitoral organizada em torno do histriônico Joaquim Barbosa, pela grande mídia burguesa. Ou seja, um Collor bis. Esta última menos provável, mas não impossível, no contexto de eventual perda de controle do capital da política nacional.
 
 
As manifestações apresentaram fortes lições para as organizações que se reivindicam da esquerda revolucionária. Naufragam espetacularmente as alimentadas ilusões da autoproclamada vanguarda de conquistar, apoiada em consignas e programas iluminados, a direção das massas em marcha. As populações apoiam-se nas lideranças, organização e consciência que possuem, ao iniciarem sua marcha. Quem não conquistar representação substantiva do movimento social, antes de ele pôr-se em movimento, será mantido à sua margem ou arrasado por seu impulso.
 
 
Acima de tudo, milhões e milhões de brasileiros foram atraídos para a política, mesmo quando a desqualificavam, ao participarem direta e indiretamente nas mobilizações de junho. Rompeu-se poderosamente o comodismo, a descrença, o individualismo, a despolitização, a alienação, cultivados carinhosamente pelas classes dominantes através de seus administradores, parlamentares, partidos, universidades e grandes meios de divulgação. Não estamos na véspera ou antevéspera da revolução social. Mas abre-se diante de nós um campo fertilíssimo para o cultivo do futuro.
 
 
Mário Maestri, 65, é historiador e professor do Programa de Pós-Graduação em História da UPF. E-mail: maestri@via-rs..net Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.