Ao ler a matéria "CUT e mais duas centrais
sindicais brasileiras assinam carta de apoio aos operários da Nissan nos EUA"
(veja abaixo), não pudemos deixar de lembrar os históricos laços que une
parte do sindicalismo brasileiro ao sindicalismo americano e europeu, que hoje
se organizam mundialmente na Confederação Sindical Internacional (CSI).
A CSI, fundada em novembro de 2006 em um
congresso na Áustria, é fruto da fusão de duas antigas centrais mundiais: a
Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (Ciosl), que já
representava o casamento da social-democracia européia com o tradeunionismo dos
EUA; e a democrata-cristã Confederação Mundial do Trabalho (CMT). No programa
aprovado no congresso ela reafirma a velha intenção de “humanizar” a
globalização, de priorizar a atuação nas instâncias multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio, e de
reforçar a negociação tripartite entre o capital, governos e trabalhadores
A Ciosl, criada em 1949, nasceu no bojo da
“guerra fria” para domesticar a luta de classes. O seu estatuto pregava “o
combate ao comunismo”. Após dividir a Federação Sindical Mundial, central
unitária fundada em 1945, a Ciosl cumpriu um papel histórico desprezível. Entre
outros crimes, apoiou o cerco capitalista ao bloco soviético e a Cuba, foi
cúmplice de guerras imperialistas na Coréia e no Vietnã, estimulou e financiou
os golpes no Brasil, Chile, Argentina. Já a CMT, originária da Confederação dos
Sindicatos Cristãos (CISC), criada em 1920 com apoio do Vaticano e dos partidos
democratas-cristãos, sempre teve menor expressão no sindicalismo e nunca aceitou
discutir qualquer unidade orgânica.
O Conselho Geral da CSI, o seu principal
órgão de deliberação, formado por 70 titulares e 140 membros rotativos de todos
os continentes. Do Brasil, as três centrais nacionais CUT, Força Sindical e UGT,
tem assento no conselho.
CUT e mais duas centrais sindicais
brasileiras assinam carta de apoio aos operários da Nissan nos EUA
cut.org
A CUT e mais duas centrais sindicais
brasileiras assinam, nesta terça-feira (12), em São Paulo, carta de apoio aos
trabalhadores da fábrica da Nissan nos EUA.
No documento, os
sindicalistas exigem que a montadora respeite os acordos internacionais que
garantem liberdade de organização sindical - a direção da empresa impede a
organização dos trabalhadores e ameaça quem for sindicalizado. Segundo os
dirigentes, os salários na Nissan norte-americana são muito baixos, metade dos
trabalhadores tem contrato temporário e o sindicato é proibido de representar a
categoria.
COLETIVA A IMPRENSA
A cerimônia de assinatura da carta de apoio aos
operários da Nissan nos EUA será realizada nesta terça, às 11h00, durante
coletiva a imprensa que será dada na sede da UGT, Rua Aguiar de Barros, 144,
Bela Vista, Centro.
Participam da coletiva o presidente da CUT
Vagner Freitas, representantes do UAW (United Auto Workers), sindicato que
representa os metalúrgicos dos EUA Rafael Messias Guerra e Ginny Toughalin, o
presidente da UGT Ricardo Patah, o vice-presidente da Força Sindical Miguel
Torres e o secretário-geral da CNM-CUT, João Cayres.
HISTÓRICO
Em janeiro deste ano, o presidente da CUT e o
secretário-geral da CNM-CUT participaram do lançamento da campanha “Mississippi
Alliance for Fariness at Nissan (MAFFAN)”, que denuncia a violação dos direitos
humanos dos metalúrgicos da unidade da fábrica japonesa Nissan, instalada na
cidade de Canton, no Mississippi-EUA. Na ocasião, Vagner defendeu que a campanha
também fosse divulgada no Brasil para que a sociedade seja informada sobre os
métodos utilizados pela montadora para impedir que os trabalhadores lutem pelos
seus direitos “Atingir a imagem da empresa pode ser uma maneira eficaz de lutar
contra a exploração dos metalúrgicos”, disse o dirigente na época.
Para impedir os trabalhadores de se organizar
por meio de um sindicato, a Nissan ameaça com demissão de quem votar pela
criação da entidade e até com o fechamento da fábrica. Isso sem falar das
reuniões e encontros com grupos de trabalhadores cujo objetivo é apenas espalhar
o medo.
Vários fatores contribuem para ampliar o clima
de terror na montadora, entre eles: os trabalhadores não têm representação
sindical, não têm acordo de negociação coletiva; os salários são baixos, as
condições de trabalho ruins; metade do quadro de pessoal é temporário - o
trabalhador não sabe quanto tempo ficará empregado, o que alimenta ainda mais a
insegurança econômica na família e na região.
Para Bob King, presidente da UAW, somente com a
representação sindical em todo o setor nos EUA e com o fortalecimento de redes
de contatos internacionais com sindicatos de metalúrgicos de todo o mundo, os
trabalhadores terão voz ativa para conquistar um padrão de vida
aceitável.
E a luta pela criação de um sindicato na sede
da Nissan é de todos os trabalhadores norte-americanos e do mundo.
“É uma luta em defesa da cidadania”, concluiu o
presidente da CUT, Vagner Freitas.
UC Nacional