PCB-RR

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dieese aponta abismo imenso entre salários e lucratividade dos bancos

Afonso Costa

Remuneração média dos trabalhadores subiu 3,6% desde 2004 face a 230,43% na lucratividade das instituições financeiras
A mobilização nacional e unificada dos bancários garantiu 13,93% de aumento real nos salários nos últimos oito anos. A média salarial da categoria, no entanto, não reflete essa realidade: cresceu apenas 3,6% nesse período, principalmente em função da rotatividade no sistema financeiro, utilizada pelas empresas para reduzir a folha de pagamentos. Os bancos trocam profissionais com salários mais altos por novos empregados com remuneração mais baixa.
Em 2004, o bancário recebia, em média, R$ 4.279. O valor subiu para R$ 4.435 em 2011 – crescimento de 3,6%. No mesmo período, a lucratividade dos maiores bancos saltou de R$ 23,32 bilhões para R$ 53,42 bilhões – aumento de 230,43%.
A demonstração do aprisionamento do ganho dos bancários face à exorbitância do faturamento dos banqueiros foi feita pela economista do Dieese Catia Uehara, na tarde desta sexta-feira, em painel de debates da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, evento que prossegue até domingo 22, em Curitiba (PR).
Conforme ressaltou Catia Uehara, a remuneração certamente será o “fio condutor” das campanhas salariais de diversas categorias no segundo semestre deste ano, especialmente na campanha nacional dos bancários.
A economista destacou o fato de a renda média dos bancários não conseguir acompanhar sequer o crescimento da massa salarial e da geração de empregos no setor. O número de postos de trabalho saltou de 393.140 mil em 2001, para 506.699 em 2011, o que representa aumento de 28% de novos postos. No entanto, a questão da rotatividade é o grande vilão para a categoria. “A diferença do salário pago entre o admitido e o desligado é, em média, 38% inferior. Esse tem sido o mecanismo usado pelos banqueiros para atenuar o impacto das negociações coletivas”, ressaltou Catia.
Catia destacou os avanços na regra da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) com dados demonstrativos do crescimento do peso da remuneração variável na renda do bancário. A representatividade da remuneração variável na remuneração total do bancário subiu de 5,4% em 1995, para 14,5% em 2011. No mesmo período, a remuneração de renda fixa passou de 67,7% para 62% da renda total. Quanto à renda fixa indireta os percentuais passaram de 26,9% para 23%.

Afonso Costa é Jornalista e membro do CE/RJ PCB
8353-3713








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