PCB-RR

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Bancários aprovam reivindicações para a Campanha Salarial 2012

A 14ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada de 20 a 22 de julho, em Curitiba (PR), aprovou a minuta de reivindicações da Campanha Salarial 2012, que inclui um índice de reajuste salarial de 10,25% (inflação mais 5%). A pauta será entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no dia 1º de agosto e a primeira rodada de negociação acontece nos dias 7 e 8 do próximo mês.


Na plenária final da Conferência, quatro propostas de índices de reajuste foram apresentadas. A Intersindical, a Articulação de Esquerda, o grupo Bancários Podem Mais e a Conlutas defenderam um reajuste de 22%, equivalente à inflação do último ano, perdas acumuladas nas negociações anteriores com a Fenaban e 10% por conta da rentabilidade dos bancos. O percentual de 15% (10% de aumento além da inflação) foi defendido pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a corrente CUT Socialista e Democrática (CSD). Já a corrente Fórum do Interior defendeu um reajuste de 12% (7% de aumento além da inflação). Na votação, prevaleceu o índice proposto pela Articulação Bancária e a Unidade Sindical, de 10, 25%.


“O índice ficou aquém do merecido pelos bancários e não reflete a lucratividade dos bancos. Os trabalhadores acumulam perdas inflacionárias, especialmente os dos bancos públicos, e enfrentam no dia a dia a cobrança de metas por parte dos bancos. Por isso defendemos um percentual maior e a reposição de perdas específicas nas instituições públicas”, afirmou o coordenador geral do Sindicato dos Bancários/ES, Carlos Pereira de Araújo (Carlão), que representará os capixabas e a Intersindical no Comando Nacional dos Bancários.


Na sua avaliação, caberá aos sindicatos promoverem uma Campanha Salarial forte, com mobilização em massa dos bancários, para que a categoria conquiste esse mínimo aprovado na Conferência e outras reivindicações que visam valorizar o trabalho nos bancos. Entre essas está o piso de ingresso igual ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416).


PLR

No debate da PLR, a Intersindical defendeu a reivindicação de distribuição linear de 25% do lucro líquido de cada banco, mas a proposta aprovada segue o modelo dos anos anteriores: três salários mais R$ 4.961,25 fixos.


Os bancários também reafirmaram a luta pelo cumprimento da jornada de 6 horas e querem mais contratações, o fim da rotatividade, o fim das metas abusivas e o combate ao assédio moral.


Polêmicas

O debate sobre as metas foi outro ponto polêmico na plenária final. A formulação apresentada pela Intersindical e outras correntes cobrava o fim das metas nos bancos. Já a corrente majoritária (Articulação Sindical) aceita discutir as metas, propondo apenas que elas não sejam abusivas. “O papel do movimento sindical é defender um ambiente de trabalho saudável onde não haja a imposição da concorrência entre os trabalhadores. Não pode haver cobrança de metas, que traz consigo o assédio moral; não podemos naturalizar a pressão sobre os bancários”, defendeu Edson Carneiro, bancário da Intersindical (SP), mais conhecido como Índio.


Na sua avaliação, assim como as metas, os bancários não deveriam negociar com os banqueiros a remuneração variável. “A centralidade do debate é a defesa do aumento da renda fixa, da valorização salarial. Não podemos cair na armadilha de legitimar a remuneração variável”, afirmou Índio. Ele lembrou, por exemplo, da pressão que existe no Itaú para cumprimento das metas do Programa Agir. “A remuneração variável é um mecanismo nefasto de pressão sobre os trabalhadores”, afirmou. A negociação da remuneração total foi aprovada pela maioria presente à Conferência.


Perdas salariais

A Conferência aprovou como formulação a ser apresentada aos bancos a reivindicação de recomposição do poder de compra dos salários. Apesar de não estarem explicitadas na minuta, as perdas na Caixa Econômica Federal desde setembro de 1994, quando da implantação do Plano Real, até setembro do ano passado chegam a 61,42%. No Banco do Brasil, as perdas são de 52,06% e nos bancos privados de 5,95%. “Essas perdas não podem sumir por mágica, por isso defendemos a reivindicação histórica de reposição”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região, Ricardo Luiz Lima Saraiva, mais conhecido como Big, da Intersindical.


Assédio Moral

No debate sobre assédio moral foi consenso que esse é um dos principais males que atingem a categoria bancária. A divergência, no entanto, ficou por conta da renovação do acordo sobre assédio, proposta aprovada na plenária.


A Intersindical e outros grupos avaliam que o acordo não é a saída para o combate ao assédio organizacional nos bancos. “Esse acordo não dá conta da complexidade que envolve o assédio moral. Nem o termo assédio os bancos aceitaram; o acordo fala em resolução de conflitos no local de trabalho. Então, desde o nome, se reduz a gravidade dos fatos que vêm ocorrendo nos bancos”, afirmou Karen Simone D'Avilla, diretora de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato de Porto Alegre(RS), integrante do grupo Bancários Podem Mais.


Ela lembra que os bancos têm na sua gestão a violência institucionalizada, que se traduz todo dia através do assédio moral. “Não é o banco, portanto, que vai cuidar do bancário vítima do assédio, mas sim os sindicatos, que devem acolher e dar orientações jurídicas”, afirmou. Segundo Karen, muitos bancários estão tendo derrotas em processos na Justiça do Trabalho porque os bancos sinalizam, utilizando o acordo, que estão abertos ao diálogo.
 

Estatização do sistema financeiro

Os bancários aprovaram a construção de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, na qual a sociedade possa discutir e definir qual o papel que os bancos devem desempenhar no país. Entre os temas a serem debatidos nesse evento está a estatização dos bancos.


A bandeira da estatização imediata, começando pela aquisição das ações dos bancos públicos que hoje estão nas mãos do setor privado, como acontece, por exemplo, no Banco do Brasil, foi defendida pela Intersindical, mas não foi aprovada na plenária final.


Em defesa da estatização total, os bancários ressaltaram os prejuízos da abertura de capital dos bancos estatais que se tornam, cada vez mais, instituições de mercado em detrimento do seu papel de banco público.


Mesa única

A estratégia de negociação em mesa única entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários, com mesas específicas concomitantes nos bancos públicos, foi referendada na Conferência. “É importante a unificação das lutas para juntos buscarmos saída coletiva para os problemas da nossa categoria. Temos que construir a unidade em nível nacional e fortalecer nossa mobilização numa negociação pra valer das nossas reivindicações”, afirmou Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato dos Bancários/ES e membro da Intersindical.


Resumo das reivindicações

* Reajuste salarial de 10,25% (inflação projetada de 4,97% + 5%).

* PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.

* Piso da categoria equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416,38).

* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

* Auxílio-educação para graduação e pós-graduação.

* Auxílio-refeição e vale-alimentação: cada benefício com valor do salário mínimo nacional (R$ 622,00).

* Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e ampliação da inclusão bancária.

* Cumprimento da jornada de 6 horas para todos.

* Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários.

* Mais segurança nas agências e postos bancários.

* Previdência complementar para todos os trabalhadores.

* Contratação total da remuneração, o que inclui a parte variável da remuneração.

* Igualdade de oportunidades.
 

Fonte: Seeb/ES

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