PCB-RR

domingo, 22 de maio de 2011

Deputados vazam que Palocci operou a fusão Itaú-Unibanco e favoreceu dezenas de empresas

*Jorge Serrão
 A consultoria de Palocci tinha (ou tem?) parcerias com o advogado e também consultor José Dirceu também ex-ministro da Casa Civil, até o ser derrubado pelo escândalo do Mensalão. Mas esses foram apenas dois entre as dezenas de trabalhos de Palocci que fizeram sua empresa Projeto Consultoria, Planejamento e Eventos Ltda arrecadar pelo menos oficialmente - R$ 7,4 milhões, desde 2006. Deputados de oposição vazaram para alguns jornalistas, ontem à noite, a lista de empresas para quem o atual ministro-chefe da Casa Civil trabalhou (ou ainda trabalha?). Os sigilosos contratos de Palocci foram (ou são) com as maiores empresas que atuam no Brasil. Por isso, pode ser ainda maior que 20 vezes o surpreendente crescimento de seu patrimônio pessoal, nos últimos quatro anos.

Na inconfidência cometida por deputados, Palocci prestou assessoria internacional para as Organizações Globo. Palocci é um dos principais tocadores da Operação Copa do Mundo, junto com o companheiro José Dirceu. Também pilota, pessoalmente, o modelo de concessão de áreas dos aeroportos. Ele e Dirceu prestam consultorias para grandes empresas na área de telecomunicações. O agora revelado poder de relacionamento empresarial de Palocci explica por que Henrique Meirelles preferiu tirar o corpo fora do governo.

A lista vazada do portifólio de Palocci é longa. Além do Itaú-Unibanco, na área financeira, o principal ministro de Dilma Rousseff trabalhou para a Bradesco Holding. Até a EBX do bilionário Eike Batista usou os bons serviços do doutor Palocci. A Petrobrás e a Vale também usaram os sigilosos serviços do ilustre consultor. Tamanho prestígio indica que o verdadeiro fiador e articulador econômico-financeiro da eleição de Dilma Rousseff foi Palocci e não o ex-presidente Lula. Além das empresas já citadas, foram clientes de Palocci, na versão vazada pelos deputados (que um repórter de um grande jornal gaúcho e uma famosa colunista das Organizações Globo preferiram não divulgar), pelo menos por enquanto: Pão de Açúcar, Íbis, LG, Samsung, Claro-Embratel, TIM, Oi, Sadia Holding, Embraer Holding, Dafra, Hyundai Naval, Halliburton, Volkswagen, Gol, Toyota, Azul, Vinícola Aurora, Siemens, Royal (transatlânticos).

Deputados vazaram a lista de clientes sigilosos de Palocci em retaliação ao conteúdo do e-mail enviado ontem (terça-feira) pela Casa Civil, falando em nome do ministro, aos líderes partidários. A bronca foi com um item da nota oficial alegando que a nota que o ministro não manteve nenhuma atividade vedada quando era deputado e que 273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural". A nota também irritou Pedro Malan, Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Persio Arida, Mailson da Nóbrega e André Lara Rezende citados como pessoas que viraram banqueiros e consultores de prestígio quando deixaram o governo federal.

Palocci esclareceu que todas informações sobre seu patrimônio estão na sua declaração de renda de pessoa física e que todos os dados fiscais e contábeis da empresa Projeto são enviados regularmente à Receita Federal:

-Não há nenhuma vedação que parlamentares exerçam atividade empresarial, como o atesta a grande presença de advogados, pecuaristas e industriais no Congresso. Levantamento recente mostrou que 273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural.

-No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais mo mercado. Não por outra razão, muitos se tornaram em poucos anos, banqueiros como os ex. Pres. do BACEN e BNDES Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio como ex-ministro Mailson da Nóbrega.

-Muitos Ministros importantes também fizeram o percurso inverso, vieram do setor privado para o governo, tomando as precauções devidas para evitar conflitos de interesse, como o ex-ministro Alcides Tápias, ex-diretor de importante instituição financeira, os ex-presidentes do BC Armínio Fraga, antes gestor de um grande fundo de investimentos internacional e Henrique Meirelles, com longa trajetória no mercado financeiro. Os mecanismos utilizados pelo ministro Palocci para impedir qualquer conflito de interesses foram os mesmos adotados pelos citados.

A nota da Casa Civil alega que hoje a empresa de Palocci tem como única finalidade a administração de seus dois imóveis em São Paulo:

-O objeto social da sociedade foi modificado antes da posse como Ministro para vedar qualquer prestação de serviço que implique conflito de interesse com o exercício de cargo público, nos termos da legislação vigente. A gestão dos recursos financeiros da empresa foi transferida a uma gestora de recursos, que tem autonomia contratual para realizar aplicações e resgates, de modo a evitar conflito de interesse.

Jorge Serrão é Jornalista

sexta-feira, 13 de maio de 2011

1º de Maio, oremos!


Sidney de Moura*
"Chegou a hora desta gente bronzeada mostrar seu valor.
Eu fui à Penha, fui pedir à padroeira para me ajudar! (Assis Valente)

Dia 1º de Abril, digo, 1º de Maio, no campo do Ordem e Progresso (nome verdadeiro) onde se sitiava, digo, situava na Vila Cruzeiro, o espaço Criança Esperança, algumas centrais sindicais adeptas da parceria “conflitiva”, de colaboração de classes, de resultado e de mercado, se uniram para o festivo ato em comemoração ao dia do trabalhador.

Na composição do cartaz (ao lado) não passou despercebido um templo religioso e a expressão valorização do trabalhador. Tanto a imagem do templo, como a expressão, nada tem a ver com o conteúdo classista que a data deveria enfatizar no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo.

Entendo o refluxo do movimento sindical e as dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora em função dos ataques aos seus direitos e conquistas, promovidos pelo capitalismo e suas classes auxiliares neste período em que o capital busca sobrevida. A reestruturação produtiva, as novas formas de gerenciamento e precarização na contratação da força de trabalho levaram o movimento sindical a uma postura denuncista e defensiva. No entanto, nada justifica um cartaz tão descaracterizado.

Será que doravante, ao invés de luta classista, as centrais que convocaram o ato vão começar a depositar no sobrenatural, suas esperanças de novas conquistas para a classe? Ou será que as organizações partidárias que dão sustentação ao governo neofascista de Cabral, orientaram seus sindicalistas para realização do ato no Complexo do Alemão, com o propósito de marcar a “pacificação do caveirão”, a paz dos cemitérios?

Os que não crêem em mitologia e na valorização do trabalhador sob regime capitalista, costumam usar os espaços dos templos de maneira mais apropriada. A Igreja da Penha, no Rio de Janeiro, é conhecida por ser um lugar onde muitos fiéis católicos pagam suas promessas subindo de joelhos as suas escadarias. É uma demonstração de fé. Nada contra. Mas ter a sua imagem vinculada a um ato da Classe é despolitização demais.

Também, não deixei de reparar o conteúdo principal: valorizar o trabalhador vinculado, entre outros eixos, à valorização do salário mínimo. Dizer assim, escamoteando que a verdadeira valorização do salário só existirá quando tiver início a suplantação do mínimo indicado pelo DIEESE (R$ 2.255,84 para o mês de abril), é no mínimo, querer manter embotada a subjetividade do trabalhador num aspecto fundamental para fazer avançar o patamar de consciência de classe: a extração da mais-valia. Diria mais: é ficar de joelhos diante dos patrões e, prostrado diante do Deus mercado, orar festivamente:

-- Ó, Senhor patrão, capitalismo sim, mas nos valorize, por favor!

Coisa de Pelego.

“Estrategicamente não somos pelas petições de direitos que buscam a inclusão social rebaixada dentro da ordem capitalista. Não defendemos a ‘cidadania e a democracia’ tomada emprestadas ao ideário de 1789. Muito menos lutamos para vender a força de trabalho mais cara aos cassinos da burguesia. Também estamos convencidos de que não podemos desperdiçar energias depositando esperanças no sobrenatural. Somos pela humanização plena, que só será possível com a emancipação do trabalho e o fim da sociedade de classes”

Sidney Moura é Secretário Sindical do PCB, Diretor do SEPE/RJ e da Coordenação Nacional da Unidade Classista-INTERSINDICAL









terça-feira, 10 de maio de 2011

Porque os banqueiros riem


Nas últimas semanas, o Centro da cidade do Rio de Janeiro foi propagandeado pelo Sindicato dos Bancários com a colagem de uma fotografia onde estão os banqueiros Roberto Setúbal, dono do ItaúUnibanco e Pedro Moreira Salles, que teve de entregar o Unibanco para o Itaú, para não perder os dedos..., sorrindo.

E o nosso Sindicato se pergunta, "De que eles estão rindo?".

Nós, da Unidade Classista, achamos que os banqueiros, e não somente os da foto, tem motivos de sobra para rir.

Assim, sem muito esforço, dá para enumerar alguns dos motivos pelos quais os banqueiros riem. Vamos lá, do geral para o particular, como muitos daqueles que estão hoje à frente do Sindicato aprenderam no passado.

1) A crise internacional, com seu epicentro nos Estados Unidos, passou ao largo dos cofres de Wall Street. O governo Obama tratou de aliviá-los, emprestando dinheiro do povo estadunidense para que os bancos não quebrassem, bem assim como as montadoras de automóveis. Por isso os banqueiros riem. Tinha gente morando dentro de seus automóveis, em estacionamentos de supermercado, mas os bancos continuaram a distribuir bônus para seus executivos. E continuam sorrindo até hoje.

2) Na Europa, direitos trabalhistas seculares estão sendo tomados dos trabalhadores, principalmente nos "primos pobres" , isto é, Portugal, Espanha, Grécia. Mas não há notícia de quebra de bancos. Lá, também, os banqueiros continuam seu festival de sorrisos.

3) E aqui, nesta pátria amada idolatrada ? Bem aqui, os banqueiros contam com as benesses do poder público desde sempre. Seja com FHC, com Lula, com Dilma. Desde os dias de apogeu do neoliberalismo, com o PROER, até hoje, com os dois governos petistas, com absoluta independência do Banco Central, que se omite quanto às tarifas exorbitantes cobradas pelos bancos, com os juros astronômicos do cheque especial, e, com a cereja do bolo, as taxas Selic nas nuvens, beneficiando largamente o capital financeiro.

4) E para concluir, os banqueiros, do Itaú, do Bradesco, dos bancos estrangeiros, riem às gargalhadas, porque diante deles encontram um movimento sindical capitaneado pela CONTRAF/CUT dócil e submisso aos seus caprichos, totalmente embriagado pela ideia de negociar, conciliar, fugindo permanentemente da luta, fazendo greves que somente aparecem no Centro das cidades, seja no Rio ou em São Paulo, levando a categoria bancária constantemente para falsas conquistas. E aí, em pleno outono, quando os banqueiros cumprindo seu papel de exploradores da mão de obra dos bancários, demitem em massa, nossos dirigentes sindicais enchem a cidade com cartazes perguntando de que riem os banqueiros. Riem dessas centrais sindicais que se apelegaram, que se acostumaram às migalhas do poder centralizado em Brasília, que não se inibem em usufruir das "boquinhas" do poder.

5) E por último: vamos parar com a hipocrisia. Os donos do poder, no Sindicato dos Bancários, sabem porque os banqueiros riem, e , no fundo, no fundo, fazem coro com os sorrisos dos patrões.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A barbárie e a estupidez jornalística

Elaine Tavares



Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenado o ataque. Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.
Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.
Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.
E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.
O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.
 
Olha, eu sei lá, mas o que vi ontem na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império. Darth Vader é fichinha!
Elaine Tavares - jornalista
 Fonte: ALAI, América Latina en Movimiento

A história de dois militares

O capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, conhecido como Sérgio Macaco pela sua destreza na selva, em 1968 recusou-se a explodir um gasômetro na Avenida Brasil que acarretaria na morte de 100 mil pessoas. A ordem fora dada pelo então brigadeiro João Paulo Burnier, conhecido assassino e torturador acusado das mortes de Stuart Angel Jones e do deputado Rubens Paiva, entre outros. Sérgio foi reformado, cassado pelo AI-5 e pelo Ato Complementar 19. Jamais pediu anistia, pois afirmava que “Não posso ser anistiado pelo crime que evitei”. Faleceu em 1994 como herói, mas abandonado pelo “governo democrático” do presidente Itamar Franco, que só o promoveu a brigadeiro três dias após a sua morte, apesar de sentença favorável do Supremo Tribunal Federal.
O capitão Wilson Luiz Chaves Machado é conhecido por ter participado da tentativa de atentado no Riocentro em 30 de abril de 1981. O sargento Guilherme Pereira do Rosário que estava no carro com ele faleceu com a detonação antes da hora da bomba destinada a matar milhares de jovens que participavam de um show em homenagem ao dia do Trabalhador. O capitão sobreviveu apesar de também atingido pelo artefato e atualmente é coronel da reserva do Exército brasileiro e prestador de serviços para o Instituto Militar de Engenharia (IME) com proventos de R$ 3,3 mil reais por mês, que somados aos seus ganhos de oficial da reserva lhe proporcionam uma renda mensal superior a R$ 13 mil. É um “bon vivant” que mora num belo apartamento de classe média alta e gosta de jogar vôlei.
As diferenças entre as atitudes dos dois oficiais e dos resultados demonstram quem o Exército e o governo brasileiros privilegiam em suas ações práticas. Demonstram ainda que muitas feridas continuam abertas e tem que ser definitivamente fechadas.
No dia 27 de agosto de 1980 duas cartas-bombas atingiram a luta pela democracia em nosso País. Uma estourou na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e matou D. Lyda Monteiro, secretária do presidente da instituição, a quem o artefato era dirigido. Outra bomba mutilou o Sr. José Ribamar de Freitas, tio e assessor do então vereador Antônio Carlos de Carvalho, o verdadeiro alvo dos terroristas. Tonico, como era conhecido o parlamentar, era incansável lutador pela democracia e pelo socialismo. Foi barbaramente torturado, tendo “inaugurado” nos porões da ditadura o famigerado pau-de-arara. Nunca abriu a boca ou denunciou seus companheiros. Repetia incansavelmente apenas o seu nome e o número da sua carteira de identidade. Resistiu!
Os atentados dos anos 80 começaram por bancas de jornais e se espalharam em uma ignóbil tentativa dos órgãos de repressão de refrear o movimento popular que não aguentava mais a ditadura militar e bradava por liberdades democráticas. Assim como esses atentados outras mortes, torturas e barbaridades indignas de seres humanos foram praticadas por um regime ditatorial que rasgou a Constituição brasileira e deu um golpe militar, capitaneado pelas elites com apoio logístico dos Estados Unidos e da nefasta CIA.
A série de matérias publicadas pelo jornal O Globo sobre a tentativa de atentado do Riocentro, inclusive com nomes da caderneta de telefone do sargento Guilherme, demonstram que a impunidade aos órgãos repressivos, seus mandantes e agentes continua a prevalecer. Até mesmo o ministro da Justiça Nelson Jobim, que tenta criar a Comissão Nacional da Verdade a mando da presidente Dilma, afirmou categoricamente que não pretende justiçar os homens que rasgaram a Constituição e instalaram um regime de terror no Brasil. Disse textualmente que não haverá punições para os responsáveis com base na lei da Anistia, criada em 1979, portanto ainda durante a ditadura militar. A influência daqueles que detiveram o poder durante os 21 anos de barbárie que o País sofreu ainda é tanta que o Supremo Tribunal Federal entendeu em 2009 que essa lei também beneficia assassinos e torturadores, quando na verdade deve apesar reconhecer o mal que foi esse período e os males que provocou em milhares de famílias, de patriotas, de pessoas que deram suas vidas pela liberdade.
A Suprema Corte da Argentina já puniu generais responsáveis por torturas e mortes durante a ditadura militar naquele país. São acusados de crime de lesa-humanidade, tais quais os nazistas foram no julgamento de Nuremberg. O Senado uruguaio aprovou no dia 13 de abril deste ano o fim da lei da anistia, o que abre caminho para o julgamento dos militares também acusados de crimes de lesa-humanidade.
Recentemente o alto comando militar brasileiro publicou documento contra a revisão da anistia e a criação da Comissão Nacional da Verdade. E por quê? Por que teme a verdade, teme que sejam punidos aqueles que se voltaram contra a humanidade em nosso país. E eles ainda tem força para isso?
Abaixo a ditadura!
Afonso Costa
Jornalista e colaborador do Avante Bancário