PCB-RR

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Edição 3 AVANTE BANCÁRIO

POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO É NOCIVA AOS TRABALHADORES
Não é necessário muita pesquisa ou estudo, basta uma visita ao supermercado para percebermos o agravamento da carestia nesse primeiro trimestre de 2011. O INPC, assim como os demais indicadores, registrou uma aceleração no aumento dos preços. Os índices econômicos apenas confirmam o que o nosso orçamento doméstico vem revelando desde o final do ano passado, ou seja, o salário não chega para cobrir as despesas do mês, nos obrigando muitas vezes a recorrer ao famigerado cheque especial, empréstimos e ao cartão de crédito.
Nós bancários, além dessa desvalorização dos salários provocada pela alta do custo de vida, enfrentamos outra forma de redução: a violenta rotatividade imposta pelos bancos. Pesquisa divulgada pela Contraf-CUT/Dieese informa que em 2010 o setor bancário contratou 57.450 bancários, mas no mesmo período, demitiu 33.418. A remuneração média dos que foram demitidos era de R$ 3.506,88. Já a média salarial dos novos contratados é de R$ 2.188,43. A redução salarial chega a quase 38%. Essa diferença reforçou o astronômico lucro dos banqueiros. á as medidas implementadas pelo governo Dilma não ajudam em nada a melhorar essa situação. O salário mínimo foi fixado em R$ 545,00, a partir de 1º de março. Além de estar bem abaixo das necessidades básicas de um trabalhador, o mínimo já teve seu valor corroído pelos últimos aumentos de preços e tarifas. A tabela do imposto de renda mais uma vez foi corrigida abaixo da inflação, acarretando aumento de tributação dos assalariados.
O Banco Central vem aumentando a taxa de juros, atingindo diretamente os consumidores de bens e serviços financiados. Enquanto isso, o governo, através do BNDES continua repassando dinheiro público com juros subsidiados aos empresários. Não devemos, portanto, ter qualquer ilusão. Pelo contrário, já despontam no horizonte novas ameaças contra os trabalhadores: aumento da idade mínima de aposentadoria, revisão das leis trabalhistas ( para facilitar demissões e diminuir gastos das empresas), privatizações, leilões dos campos de petróleo e de áreas do pré-sal.
Está na hora de nos organizarmos e aumentarmos nosso nível de participação nas reuniões e assembleias das associações e sindicatos de classe, com objetivo de fortalecer as mobilizações e campanhas salariais em 2011. Só assim, poderemos impedir que os aliados do governo e dos patrões, instalados nos aparelhos sindicais, enfraqueçam a nossa reação contra esses ataques e a nossa luta por
novas conquistas. 

METAS, PRA QUE TE QUERO!!???

Os bancários de todo o Brasil, sem exceções, vem sofrendo um bombardeio de metas que ano apósano se mostram cada vez mais “desafiadoras” ou, melhor dizendo, inatingíveis. Prova disso é o resultado atingido pela maioria das agências nos programa de metas de alguns bancos está abaixoda meta estabelecida. Em alguns bancos, bem maisque a metade das agências não atingiu o patamaresperado de desempenho. Trazendo este desempenho para o nível individual veremos que grande parte dos bancários também não atingiu todas as metas. Os poucos que tiveram sorte ficaram um pouco acima da média. Não é difícil estimar que bem mais que a metade dos bancários não atingiram as metas determinadas.
O extraordinário disso tudo é o fato de que mesmo com este resultado a maior parte dos grandes bancos obteve lucro recorde em 2010.¹ Isto nos faz refletir sobre a verdadeira natureza das metas. Será que importa realmente se guardam ounão relação com a realidade? Será que na visão dosbanqueiros o lucro extraordinário atingido às custasdo imenso ganho de produtividade dos bancários estaria abaixo do esperado?
Aqui vão algumas pistas para responder a esta perguntas.

Bateu sua meta? Parabéns!!! Tome mais metas!!
Embora seja óbvio que nas direções dos bancos a definição das metas se dá em função do que cada Banco pretende em termos retorno sobre o patrimônio, concretamente, as metas guardam pouca, ou nenhuma, relação com o potencial do mercado de atuação dos principais bancos deste País.
A principal evidência deste descasamentoentre as metas e a realidade do mercado é o fato de que ano após ano as metas se mostram maiores erefletem, antes de tudo, séries históricas de desempenho das agências. A lógica é a do quem fezmais no ano ou está fazendo mais no semestre ganha mais metas no ano ou semestre seguinte.
Algumas agências “ganham de presente”incrementos de metas pouco depois de receberemas metas do semestre, pois atingiram muito rápido oque foi orçado inicialmente.
Esta distribuição de metas não leva em conta nenhuma análise de mercado na região das agências, pois não é embasada em análises do potencial econômico de cada região. Ao não considerar características populacionais e econômicas na área de atuação de cada agência não pode se fundamentar em outra coisa senão na série histórica do seu desempenho. Nesse modelo, se uma agência foi muito bem no ano é quase certoque vai penar no ano seguinte pois as metas vãosubir e muito provavelmente o mercado em potencial não vai crescer na mesma proporção.
Na realidade o bancário é tratado como aquele jogador de futebol que termina o campeonato como artilheiro isolado mas quando começa o novo campeonato e ele passa duas rodadas sem marcar a diretoria já pede a sua cabeça.
Quem trabalha na rede de agências, ou seja, a maioria dos bancários, sabe muito bem do queestamos falando.

Bati a meta mas fiquei doente.
Os números são alarmantes, a categoriabancária é a que mais sofre com afastamentos pormotivo de doenças, tais como a LER (lesão poresforço repetitivo), a síndrome do pânico, problemascardíacos e psíquicos em geral. Embora a quantidade de bancários afastados seja assustadora, não chega a ser surpresa para os colegas que trabalham na rede de agências e sentem na carne a pressão por metas, o assédiomoral, a falta de condições adequadas de trabalho, o acúmulo de funções, o desvio de funções e, principalmente, as ameaças de descomissionamento constantes. Recentemente dois colegas do BB faleceram em razão do trabalho nestas condições.
O que está acontecendo é que os bancários estão literalmente se matando para atingir as metas.

A verdadeira natureza das metas
Já demonstramos que os bancos atingiram o retorno esperado mesmo com a maioria das agências e dos bancários não atingindo as suas próprias metas. O que é prova irrefutável de que, na verdade, as metas não são estabelecidas paraserem atingidas, pelo menos não na sua totalidade. A sua principal função é a de manter os bancárioscom a autoestima baixa.
Imaginem como se sente um bancário queao final do ano ou semestre não conseguiu atingirgrande parte das metas que lhe foram demandadas.
Com certeza é uma sensação frustrante. O peso donão atingimento das metas se torna ainda mais terrível quando se trata de um funcionário comissionado que sabe que a qualquer momento oseu salário pode cair drasticamente, ou pior ainda, que pode perder o seu emprego em função do seudesempenho que ele pensa estar abaixo do esperado pelo banco.
O bancário que não atinge todas as metas é tratado como uma exceção quando na verdade onão atingimento de grande parte das metas é a regra. Ou seja, as metas são um poderoso aliado dos banqueiros na hora das campanhas salariais, pois um bancário com baixa autoestima não se sente à vontade para reivindicar melhores condiçõesde salário e trabalho.
Uma outra função das metas é incentivar a competição entre os bancários. Esta competiçãotem sido levada a extremos. Algumas vezes a buscapelo atingimento dos números orçados incentiva aprática de atitudes antiéticas entre colegas da mesma agência ou de outras agências como fim para atingir as metas.

Resistir a pressão: questão de vida ou morte
É preciso que a nossa categoria resista a todos estes ataques, pois estamos morrendo parabater metas. Enquanto isso os banqueiros estão cada vez mais bilionários às custas do nosso adoecimento. Temos que resistir nos organizando nos locais de trabalho, estreitando os laços de companheirismo entre os colegas, buscando apoiodos companheiros de trabalho e do sindicato quando sofrermos assédio por conta das metas. Nãopodemos aceitar esta situação sob pena de nos tornarmos mais um número nas estatística de mortos ou doentes por causa do trabalho.
Divididos como estamos por conta desta lógica predatória e individualista incentivada pelosbanqueiros, somos presas fáceis do assédio moral evítimas certas do adoecimento. É hora de nos incorporarmos nas lutas pelaestabilidade no emprego, por um plano de cargos que garanta que o banco não possa dispor das comissões ao seu bel prazer, pela jornada de seishoras etc.
UNIDOS SOMOS FORTES!!
VAMOS A LUTA, BANCÁRIOS!!

RAPIDINHAS

OBAMA I
 No mínimo dúbia , (um adjetivo benevolente), para a (não) participação do Sindicato dos Bancários e da CUT-RJ nas manifestações contra a presença do gerentão do capitalismo internacional, Obama. Será que também foram enquadrados pela Executiva Regional do PT ? E cadê a independência do movimento sindical frente a patrões, a partidos políticos?

OBAMA II
Não deu no New York Times, mas deu no insuspeito O Globo.
Mal o chefe do eixo do mal foi embora -leia-se Obama -, e o lixo parou de ser recolhido regularmente na Cidade de Deus. O jornalão dos Marinho fotografou. E o nosso jornal do Sindicato ?
Fez o quê em relação ao mensageiro do terrorismo internacional, Barack Obama ?

OBAMA III
 Mais um crime a ser adicionado ao nosso Código Penal: lavar as escadarias do Theatro Municipal. Assim entendeu a PM do Beltrame e do Sergio Cabral. Manifestantes quase praticaram tal "ato criminoso", na intenção de limpar o local manchado pelas pisaduras do terrorista internacional maior - Obama. Um aparato policial militar, com direito a Batalhão de Choque, impediu esta pacífica manifestação, perigosa pois os "criminosos" estavam fortemente armados com vassouras, sabão
em pó e baldes com água...

OBAMA IV
Já a repressão aos manifestantes que caminhavam em frente ao Consulado Americano foi mais dura e violenta. 15 prisioneiros, encaminhados para os presídios de Água Santa e Bangu. Tiveram suas cabeças raspadas, no melhor estilo campo de concentração nazista.
Mais uma vez, nosso Sindicato e a CUT-RJ se calaram. O peso do silêncio, num caso como esse, tem o impacto da conivência.

OBAMA V
 Após a epidemia da família Obama, temos a epidemia de dengue, que continuava crescendo, sob os olhares de Cabral e Paes, embevecidos com a visita do séquito imperial, chefiado pelo Barack. Brasileiros morrendo durante a visita dos patrões estadunidenses, e governador e prefeito absolutamente indiferentes. Agora que o patrão foi embora, declarações desencontradas sobre a saúde do povo do Rio de Janeiro.
Afinal, quem um dia já foi colonizado, jamais perde a curvatura da espinha dorsal frente ao colonizador...
Estranho silêncio. Vergonhosa omissão!
 O Banco do Brasil, como banco público, deveria ser o primeiro a obedecer as leis, mas pelo contrário, insiste em não respeitar a jornada de seis horas dos bancários. Vêm perdendo todas as ações a esse
respeito na Justiça do Trabalho, mas continua ignorando o que determina a CLT.
 Vários sindicatos, até mesmo alguns filiados a governista CUT, como sindicato dos bancários de Brasília, vêm promovendo manifestações e entrando com ações judiciais coletivas, obtendo vitórias contra o BB, obrigando ao cumprimento da jornada de seis horas para grupos de funcionários da ativa e ao pagamento da 7ª 8ª hora com retroatividade.
 Mas aqui no Rio de Janeiro o silêncio e a omissão quanto a essa histórica luta é total. Nenhuma manifestação, nada de ações judiciais. A diretoria do nosso sindicato parece não querer incomodar o Banco do Brasil com esse assunto. Será por receio de atrapalhar as suas boas relações com a direção do banco? Qual a explicação para tanto imobilismo? Exigimos uma assembléia específica para que nós
bancários cariocas nos somemos a luta pela jornada de seis horas, nas ruas e nos tribunais!