PCB-RR

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Organizando a luta

A “crise do capital”, as fusões e as aquisições de bancos foram fatores que definiram as prioridades da Campanha Salarial 2009 dos bancários. A defesa do emprego e dos direitos conquistados são necessidades urgentes, mas não podemos deixar de lutar por outros itens importantes como a adoção do piso salarial do Dieese, que é de R$ 2.047,00, segurança, saúde e fim do assédio moral.

Infelizmente algumas decisões que as correntes governistas aprovaram nesta Conferencia nos afastarão da possibilidade de novas e importantes conquistas. A contratação da remuneração variável, se efetivada, irá individualizar a relação capital e trabalho, acabando com a luta coletiva e aumentando a disputa por cumprimentos de metas nas agências e departamentos e, ainda, entre setores e regionais. A remuneração variável está intimamente ligada às metas e ao assédio moral.

A Conferência também deixou lacunas. Uma importante reivindicação não foi aprovada: a recuperação das perdas salariais passadas, principalmente no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Ficamos nos 10%, englobando aí a inflação projetada em pouco mais de 4%. O restante foi tratado na Conferência como aumento real.

Mas falar em aumento real quando a categoria acumula perdas é anistiar os banqueiros e o governo de suas dívidas.

A reposição de perdas é uma reivindicação histórica e importante para os bancários, especialmente dos bancos públicos, lembrando que as perdas são de no mínimo de 50% no piso de contratação do Banco do Brasil e da Caixa.

Apesar de algumas decisões equivocadas na Conferência, temos que nos organizar para lutar de verdade para a conquista do índice aprovado, além das demais reivindicações. Não podemos assinar nenhum acordo rebaixado.

Editorial dos Bancários do ES

quarta-feira, 8 de julho de 2009

INTERSINDICAL BANCARIA NACIONAL

INTERSINDICAL BANCÁRIA NACIONAL
Conferência Nacional dos Bancários 2009
O emprego bancário e a crise do sistema financeiro
A Conferência Nacional da categoria bancária deste ano, 2009, acontece num momento muito importante para os trabalhadores e trabalhadoras. O sistema que se pretendia incontestável passa agora por mais uma grande crise e desta vez ela está entre as mais graves dos últimos 80 anos.
O fantasma do desemprego, a quebra de grandes empresas e de instituições financeiras reaparecem. E o que dizem os que controlam o sistema? “A crise é um sério problema para todos, temos que juntos encontrar saídas para essa grande tempestade”. O que não dizem é que a crise é inerente à lógica do sistema que tem como característica a insaciável ganância por lucros alimentada pela especulação financeira, superprodução e principalmente superexploração de milhões de trabalhadores.

A derrocada dos chamados fundos subprime ( fundos de investimento de alto risco, lastreados em linhas de crédito habitacional para consumidores de baixa renda) é a grande responsável pelo início desta crise. Com a sua quebra os grandes bancos e seguradoras que lhe davam sustentação faliram gerando um efeito em cascata que fez despencar as principais bolsas em todo planeta pela evasão instantânea de bilhões de dólares nos mercados de ações.
Esse cenário nos obriga a uma grande reflexão: entender primeiramente qual o nosso papel enquanto trabalhadores neste contexto. Afinal, somos nós, com o nosso trabalho cotidiano, que realizamos e garantimos as atividades necessárias à consolidação das operações financeiras.
Não à estatização dos prejuízos. Sim à estatização do sistema financeiro com controle social.
A manifestação da crise como um problema de falta de regulamentação reforça os argumentos de setores do movimento que pedem maior regulação do estado sobre os mercados. Isso é necessário, porém absolutamente insuficiente para fazer frente ao problema, até porque devemos nos perguntar: Quem regula quem? Os tecnocratas do mercado que regulam os Estados e governos ou os governos que regulam os mercados?
O sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores é a saída para crise do ponto de vista da esquerda, dos movimentos sociais e dos sindicatos. Neste momento em que governos europeus e setores do governo estadunidense discutem a estatização do sistema financeiro – como parte de uma estratégia para dividir os prejuízos, jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores e da população pobre e na sequência “devolver” os bancos para iniciativa privada – a esquerda e os movimentos sociais devem retomar a luta pela estatização permanente do sistema financeiro com controle social, colocando-o para atender às necessidades da economia popular.
Não somos responsáveis pela crise! Não vamos pagar por ela!
Para os capitalistas a crise tornou-se uma oportunidade para avançar contra os direitos e conquistas dos trabalhadores. Buscam convencer amplos setores da sociedade de que a crise exige sacrifícios e que devem ser coletivizados, para assim justificar a redução de salários e direitos, as demissões e um conjunto de medidas que fazem deteriorar ainda mais as condições de vida e trabalho de milhões e milhões de pessoas.
Essa tem sido a ladainha propagada pela grande imprensa. Hoje lamentavelmente encontra eco também em sindicatos e outros movimentos que, por estarem distantes dos interesses dos trabalhadores, recebem orientação direta do Estado e dos empresários ao negociarem os nossos direitos em troca da amortização das conseqüências da crise.

Romper com toda a alienação da lógica individualista do consumo, na busca de alternativas populares de gestão da nossa economia; gerir os recursos do planeta, onde quem produz possa usufruir com dignidade do fruto do seu trabalho sem direcioná-lo, em forma de lucro, para os ricos interesses de banqueiros, especuladores e empresários têm de ser vistas como necessárias para superarmos esta crise.
De uma hora para outra fomos bombardeados com notícias de investimentos que apontam para uma clara inversão de prioridades nos rumos do dinheiro público. Cerca de 400 bilhões foram movimentados só nos Estados Unidos para evitar a falência de grandes capitalistas. Dinheiro público, cinicamente canalizado para manter as remunerações milionárias dos altos executivos do sistema.
No Brasil, o governo acionou políticas “anticíclicas” (jargão que ilustra a tentativa do Estado de se contrapor à recessão) que não têm se mostrado eficazes. Vejamos:
- Foi anunciado um megaprograma habitacional que pretende construir um milhão de moradias para aqueles que tiverem renda de até 10 salários mínimos. O que não foi dito é que as construtoras credenciadas no projeto terão lucros 20% mais altos que em seus negócios habituais. Projeto este que recebeu duras críticas por estar fora de sintonia com uma real política de desenvolvimento urbano. O último feirão realizado pela Caixa Federal bateu recorde de negócios, ao custo de um trabalho exaustivo e sem qualquer remuneração adicional aos trabalhadores.
- Outra ação foi demonstrada quando o Banco do Brasil foi pressionado a investir R$ 4,2 bi na compra de 49% das ações, com direito a voto, do Banco Votorantin. O governo alegou que seriam medidas para conter as demissões, no entanto, o grupo, ligado à família Ermírio de Moraes, demitiu 200 dos seus 800 funcionários. A sociedade nada pôde fazer. Até porque as decisões finais estão fora do controle do BB.
- A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento ao grupo Usiminas, no valor de até R$ 900 milhões, na modalidade Limite de Crédito. Ainda assim, o mesmo grupo anunciou a demissão, no intervalo de um mês, de 1.300 trabalhadores em duas de suas maiores plantas Ipatinga e Cubatão.
Há que se atentar que os números apontados não se referem apenas aos empregados fora do mercado de trabalho, mas de famílias inteiras que serão atingidas.
Não basta ficarmos apenas indignados diante de todos esses ataques. Além da indignação, a nossa organização é necessária e fundamental para o enfrentamento da crise.
A luta não é somente contra a retirada de nossos direitos, mas principalmente por melhores condições de vida e trabalho.

FUSÕES E AQUISIÇÕES IMPACTAM EMPREGO BANCÁRIO
De 1994 até agora, devido a um processo de fusões, incorporações e aquisições, o número de bancos em operação no País diminuiu aproximadamente 35%. Em 2008, a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, a fusão entre o Itaú e o Unibanco e a aquisição do Real pelo Santander alteraram sensivelmente o desenho do sistema financeiro nacional com a consequente concentração bancária.
Atualmente, de acordo com ranking do Banco Central (BC), 79% de todo o dinheiro depositado no País se concentra nas mãos dos cinco maiores bancos do País (Itaú Unibanco, BB Nossa Caixa, Bradesco, Santander Real e Caixa Econômica Federal). Dados esses que em 1994, início do Plano Real, era de 48%, segundo a agência de classificação de risco Austin Rating.
A experiência com o processo de fusões não deixa dúvidas do que virá: desemprego, concentração de renda e aumento do poder dos banqueiros sobre governos e Estado, centralização do capital e piora do atendimento aos clientes e à população.
Para os bancários a conseqüência é trágica em todas as fusões até agora: demissões, sobrecarga de trabalho, aumento da pressão por metas, cada vez menos investimentos em recursos humanos em contrapartida aos investimentos em tecnologias sempre se fizeram presentes
Ao movimento sindical cabe uma enorme responsabilidade. É preciso dialogar com os trabalhadores e denunciar para a sociedade que, com os lucros astronômicos alcançados pelo sistema financeiro nos últimos anos, não existe nenhuma justificativa para a eliminação de postos de trabalho e a manutenção da alta rotatividade de mão de obra nos bancos privados. O que os banqueiros acumularam é mais do que suficiente para manter os empregos. Os donos das maiores fortunas do mundo não podem continuar jogando impunemente nas costas dos trabalhadores e clientes o custo dessas fusões.
Nós, da Intersindical, defendemos a construção de mobilizações e campanhas massivas em defesa do emprego e dos nossos direitos. Não podemos continuar privilegiando somente a negociação banco a banco, acreditando no velho – e falso – discurso dos banqueiros, de que funcionários serão “aproveitados”. No Santander/Real e no Itaú/Unibanco o processo de unificação continua a todo vapor. As negociações se arrastam, sem soluções satisfatórias, enquanto dezenas de pais e mães de família padecem com as demissões diariamente. Segundo dados publicados no balanço do Banco só no Santander/ABN, no ano de 2008, houve redução de cerca de três mil postos de trabalho.
A carência de trabalhadores bancários é gritante nas agências bancárias de todo pais. A hora é agora. Este é o momento para fazermos uma grande mobilização na categoria. Campanhas junto aos clientes e população para aumentar o número de bancários nas agências para dar um atendimento digno aos clientes e reduzir o número cada vez maior e alarmante de trabalhadores adoecidos em razão da sobrecarga, ritmo, pressão e extensão da jornada de trabalho.
REMUNERAÇÃO TOTAL
PISO, ÍNDICE, REMUNERAÇÃO VARIÁVEL E PLR
PISO do Dieese: R$ 1.972,64 (abril/09)
Recomposição das perdas e melhoria das condições de trabalho!!
Nesse momento em nosso país o governo se esforça para manter sob controle os efeitos da crise. Atua para que nada dê errado em seu projeto de sucessão presidencial. Adota essa estratégia, não com a pretensão de resolver os problemas do povo, mas para garantir o seu novo administrador, salvando assim a elite brasileira de mais uma crise profunda.
A Estratégia do Governo Lula é manter sob controle os movimentos sociais, evitando greves e grandes manifestações em períodos eleitorais. Desta vez o desafio é maior: ainda: eleger uma personagem ainda desconhecida da maioria do povo brasileiro. A campanha já começou.
Para nós, essa situação aumenta o nosso poder de pressão. Devemos exigir todos os nossos direitos, garantindo o que é justo à dedicação diária e exaustiva a que estamos submetidos no local de trabalho. Precisamos resgatar o poder de compra dos nossos salários. A defasagem é tamanha que o piso da categoria saiu de 5 para 2,3 salários mínimos.
A Federação Nacional dos Bancos do Brasil - Fenaban coordenou uma política de rebaixamento dos nossos salários. A estratégia foi a de agregar ao nosso salário uma série de penduricalhos como abonos, plr e remunerações variáveis de todos os tipos, tudo isso com o objetivo de mascarar e permitir a redução dos nossos salários. Quer dizer, quanto menos recebermos em verba salarial, mais as sobras vão para o bolso dos banqueiros e gestores.

ÍNDICE : 15,29 %
Toda essa política de arrocho salarial foi constituída a partir dos planos econômicos e, nós, bancários convivemos com perdas desde setembro 94, com o Plano Real. Nos bancos privados essas perdas foram e são menores, em que pese não termos conseguido repor a inflação em alguns períodos. No entanto, os bancos estatais, Como nos bancos estatais as perdas são maiores, há espaço para reivindicar essa reposição nas negociações específicas. Essas perdas são reais e importantes, não podemos abrir mão delas e, principalmente, anistiar Fenaban e o Governo.
Perdas da Fenaban de setembro 94 ate Agosto 2008 - ICV (Dieese)- 5,7%
ICV-acumulado de agosto 2008 a setembro 2009-(estimativa)- 3,88%
Produtividade: 5%
Total: 15,29% ( perdas + inflação+ produtividade)

Obs.: Perdas do BB de set/94 à ago/08: 51,68%
Perdas da CEF de set/94 à ago/08: 61,02%

PLR
PLR linear para todos os bancários


Primeiramente, devemos observar que em hipótese alguma a questão da distribuição dos lucros e resultados deva ser colocada como central na campanha nacional dos bancários. Embora a PLR na atual conjuntura seja uma realidade, precisamos ter clareza que as empresas se utilizam dela como instrumento de gestão para cooptar, dividir e superexplorar os bancários. Assim, faz-se necessário centrarmos nossos esforços no sentido de valorizar o salário do bancário, com um aumento considerável no piso (piso do DIEESE), aumento real, reposição das perdas, bem como buscarmos melhores condições de trabalho, mais saúde e segurança nas agências, fim das metas, a contratação de mais bancários e tantas outras importantes questões que marcam profundamente o dia-a-dia do trabalhador.

Visto que, nos últimos anos, tem-se jogado muito peso em torno da PLR na hora de fechar acordo, entendemos que a nossa proposta de reivindicação deve caminhar no sentido da linearidade na distribuição da PLR, além de exigir critérios mais objetivos em relação à publicação dos lucros e resultados, de maneira que cada bancário possa saber qual o lucro total de cada instituição, o percentual deste lucro que será distribuído e qual a parte que lhe cabe.

O que faz com que uma empresa tenha um bom desempenho e apresente balanço positivo em um período é o trabalho conjunto de todo o corpo de empregados, cada um dentro das suas possibilidades e espaços de atuação, mas todos contribuindo igualmente para o resultado final. Nada justifica as distorções que temos observado nos últimos anos na hora de distribuir o lucro com os bancários. Os trabalhadores na base da pirâmide, justamente os que ganham menos, que enfrentam todos os dias cansativas jornadas de trabalho, que sofrem toda a pressão desumana por cumprimento de metas absurdas, são os que recebem a menor fatia do bolo, enquanto os grandes salários acabam levando a maior parte.

Nesse sentido, defendemos uma proposta de PLR que seja distribuída de maneira justa e eqüitativa que, no nosso entender, se dá no sentido da linearidade. Não podemos admitir que o direito constitucionalmente previsto (art. 7º, XI da CF\88) à participação nos lucros e resultados seja utilizado pelos bancos como instrumento de gestão, priorizando aqueles trabalhadores que estão encarregados justamente de cobrar o cumprimento de metas abusivas, piorando ainda mais o ambiente de trabalho.

REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
“Outra fonte de pressão por produtividade e de intensificação do trabalho que se sobrepõe à supervisão burocrática é o sistema de remuneração «variável». De fato, ao individualizar os rendimentos, promovendo diferenças salariais em função do cumprimento de metas por trabalhador, por unidades ou equipes de trabalho, este sistema maximiza a exploração do trabalho e conduz a atitudes pouco solidárias nos ambientes laborais” (Nise Jinkings – “Os Bancários brasileiros em face da finança mundial desregulada” – agosto de 1997).
Nise Jinkings, autora da citação acima, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, é taxativa e claríssima quanto à impropriedade da remuneração variável. Esta acaba por potencializar a exploração sobre o trabalhador e o fragiliza coletivamente, dividindo-o.
Alguns setores do movimento sindical bancário vêm tentando mudar a contratação salarial sob o argumento, verdadeiro, de que os bancos já fazem diversas formas de remuneração que negam a contratação coletiva. Nossa avaliação é que não devemos entrar nessa bola dividida, não fazer o jogo dos banqueiros. É da lógica do Capital buscar diminuir o custo fixo, neste caso, diminuir salário fixo e privilegiar a renda variável. Essa é a lógica do Capital, não a lógica do Trabalho. Nossa estratégia deve ser continuar negando legitimidade à lógica do Capital, ainda que, conjunturalmente, nos seja desfavorável.
Devemos, portanto, empreender todos os esforços no sentido de aumentar o piso da categoria, o salário fixo, melhorar os planos de cargos e salários e a PLR contratada coletivamente, ao invés de contratar programas de remuneração. Temos de combater a individualização da remuneração que hoje ocorre principalmente através das metas.

SAÚDE E CONDIÇÕES DE TRABALHO

Trabalho bancário: Muita pressão e responsabilidade por um salário insuficiente!
Estamos mergulhados em um complexo sistema coorporativo que muda a cada dia. Onde as normas técnicas e os objetivos mudam a cada momento. Para garantir o fluxo dos lucros, os gestores e banqueiros se estruturaram como grandes corporações para controlar todos os processos das operações financeiras e os seus atores principais: os trabalhadores bancários.
Esse processo se dá de forma organizada. Os crescentes investimentos na educação coorporativa e na autopropaganda têm como objetivo nos desorganizar e enfraquecer enquanto coletivo. Hoje esse processo é ratificado a cada reunião e conversa, numa contínua propaganda de parceria que responsabiliza, individualmente, cada trabalhador pelos rumos e resultados da empresa. No entanto, com a mesma força que nos responsabilizam e pressionam por resultados nos afastam de qualquer possibilidade real de compartilhar dos lucros que produzimos.
Os bancos privados são uma caricatura perfeita dessa relação. Neles, a pressão por metas é um elemento de controle e opressão. Todos têm a chance de serem valorizados, desde que atendam às necessidades do banco. Quem não se encaixa está fora.
Os gestores têm em mente uma orientação única e clara, se não atingirem os objetivos do banco, nos prazos estipulados, perdem o cargo comissionado, que compõe em média 70% do salário. Antes que isso ocorra, todos têm carta branca para, se necessário, aterrorizar a vida dos trabalhadores, instituindo o assédio moral no local de trabalho. O resultado dispensa comentários. Milhares de bancários todos os anos adoecem física e psicologicamente por conta dessa prática.
Assédio Moral
O Assédio Moral configura-se atualmente no maior problema presente na situação laboral da categoria bancária. Uma luta forte contra o assédio moral pode fazer com que venhamos a ter campanhas mais consistentes que resultem em mobilização da categoria. A luta contra o assédio moral tem uma importância hoje igual ou quiçá maior do que as reivindicações econômicas. Num momento de crise onde as pessoas tendem a se conformar com perdas no salário, por exemplo, a luta contra o assédio moral pode ser o carro-chefe da nossa campanha. Nos possibilitará organizar a categoria para ações massivas e greves.
O Assédio Moral está institucionalizado na categoria bancária, tornando-se uma verdadeira praga. Humilhações e pressões de todo tipo para que os trabalhadores cumpram as metas inatingíveis, são corriqueiras. Não há bancário algum que não tenha sofrido ou presenciado um colega que tenha sido vítima de assédio moral. Tal situação deve ser combatida com todo o empenho, tornando-se “ponto de honra” do movimento sindical bancário. O que era sazonal, esporádico, pontual, caracterizado como desvios de conduta de determinados gestores, hoje em dia tornou-se prática corrente de toda empresa bancária. Daí, afirmarmos que o Assédio Moral se institucionalizou. O movimento sindical tem o dever de repudiar e combater tal situação.
As fusões e automação do setor bancário levam a demissões de muitos trabalhadores. Para os trabalhadores que permanecem nos bancos há a intensificação do ritmo de trabalho e extrapolação da sua jornada de trabalho. O assédio moral e o medo da demissão são ferramentas utilizadas para se assegurar tal exploração do trabalhador.
Continuar e intensificar a campanha permanente pelo fim do assédio moral. Devemos debater com os trabalhadores que somente com a organização e solidariedade de classe conseguiremos enfrentar o individualismo e a lógica do sistema que impõe uma prática que adoece a todos.
Nos locais onde, porventura, o assédio moral se fizer mais explícito, os sindicatos devem intervir firmemente através de paralisações e ações que revelem para a categoria e a sociedade a realidade cruel a que os trabalhadores em banco são submetidos atualmente.
Devemos também buscar fazer denúncias no Ministério do Trabalho e promover ações civis públicas através do Ministério Público para a investigação e punição dos banqueiros, pois é assaz reconhecido que o assédio moral é prática generalizada sobre a categoria bancária.

Metas

Trabalhar em banco tornou-se um martírio. A imposição de metas nas agências e departamentos é hoje uma das principais reclamações dos bancários. Esse modelo de gestão tem duas consequências imediatas: aumento do lucro dos bancos e destruição da saúde física, emocional e psicológica de milhares de trabalhadores.
Praticamente, todos os bancos adotam uma cobrança por metas que tira o sono dos funcionários, obrigando-os a tentar “vender” produtos até fora do horário de trabalho.
Enquanto os lucros aumentam, toda uma geração está adoecendo vítimas da depressão, estresse, alcoolismo, LER/Dort, ganhando contornos de saúde pública. A cobrança por metas tornou-se um problema gravíssimo, atingindo a categoria de conjunto, inclusive muitos gestores. Há relatos de bancários que saem do trabalho e não conseguem ir pra casa sem antes ingerir muita bebida alcoólica. Outros se entopem de antidepressivos.
Nesta campanha salarial temos de colocar essa questão como eixo central de nossa luta e exigir o fim das metas individuais. A nossa meta tem que ser acabar com o assédio e com as metas. Além disso, é preciso construir campanhas permanentes para enfrentar esse modelo de gestão que transformam os gestores em verdadeiros carrascos dos bancários. É importante frisar que também os clientes são profundamente prejudicados com essa prática de vender uma infinidade de produtos de necessidades questionáveis. Neste sentido, o movimento bancário precisa se articular com outras categorias, Ministério Público, parlamentares, entidades de defesa do consumidor, para pôr fim a essa prática.
Reconhecendo que existe uma intensa sobrecarga de trabalho e faltam funcionários, é preciso construir campanhas permanentes que venham impedir as demissões e para que se contratem mais trabalhadores. Temos que exigir efetivo mínimo de funcionários por agências e departamentos para que se possa melhor atender aos clientes e evitar a sobrecarga.
Além das metas, a pressão, as péssimas condições e a organização do trabalho bancário, contribuem para o adoecimento de parcelas significativas na nossa categoria, vitimadas pela LER, pela depressão, por distúrbios mentais, psicológicos e emocionais. Este debate é estratégico para organizarmos a categoria e colocá-la em movimento em defesa de condições dignas de trabalho.
Hoje, uma reivindicação da maioria dos bancários, é sobre a extensão do plano de saúde para os aposentados, como já ocorre no BB e na CABESP (bancários do Banespa). Depois de dedicar anos de sua vida aos bancos, no processo de aposentadoria, justamente no momento em que mais necessitam de acompanhamento médico, os bancários são aposentados e jogados nas filas dos Pronto-Socorros/ hospitais públicos.

TERCEIRIZAÇÃO
Será na luta que construiremos uma verdadeira organização do ramo dos trabalhadores do sistema financeiro. Temos de unificar todos os setores terceirizados ao conjunto da categoria, na luta, nas greves, na sindicalização destes aos nossos sindicatos e, avançar no combate a essa verdadeira fraude ao contrato de trabalho.
O processo de globalização avançou atacando drasticamente a organização dos trabalhadores. O ataque a CLT, patrocinado pelos governos e patrões e seus aliados no Congresso, espelha o interesse do capital na desregulamentação dos direitos.
Ao impor desigualdades — dando garantias diferenciadas para trabalhadores que executam as mesmas tarefas — os patrões dividem os empregados.
De um lado, em número cada vez menor, ficam os trabalhadores que têm suas garantias asseguradas pela convenção coletiva, e de outro os terceirizados, estagiários e cooperados que trabalham por salários menores e sem as mínimas garantias. Esta divisão imposta pelos patrões alimenta o medo, a submissão e a desorganização.
A fraude da terceirização também é um poderoso instrumento de concentração de renda, pois os salários e benefícios subtraídos dos trabalhadores engordam os lucros dos banqueiros, além de servir para sonegar impostos e destruir os serviços públicos. O processo de terceirização que está sendo consolidado nos bancos precisa ser revertido e combatido com firmeza. Temos que lutar – em todas as frentes – para que os serviços que foram terceirizados voltem a ser realizados por bancários. Na greve, nos locais de trabalho, no judiciário, na mídia, na unidade dos movimentos sociais, na disseminação da solidariedade de classe e no oferecimento de assistência jurídica gratuita para que esses trabalhadores acionem os bancos etc
É obrigação do Movimento Sindical Bancário, a denúncia dos Partidos e Governos que se aliam à lógica do capital, cujo intuito é a precarização das condições de trabalho e a erosão dos direitos dos trabalhadores. Desse modo, dá-se permissão para o Capital obter mais lucro a expensas dos trabalhadores e da sociedade.

SEGURANÇA BANCÁRIA
Segurança nos locais de Trabalho
É de conhecimento público que os assaltos a bancos têm aumentando exponencialmente nos últimos tempos. A categoria bancária e os clientes sofrem com isso. Os bancos não cumprem legislação federal que é muito clara quanto ao número de vigilantes nas agências e locais outros. Tanto assim, que a Polícia Federal vem continuamente multando as instituições financeiras por não estarem cumprindo a lei. Outra luta associada ao número mínimo de vigilantes é a da campanha por leis que tornem obrigatória a presença da porta giratória, uma vez que está mais do que constatada a sua eficácia para se inibir assaltos.
Um outro problema que se grassa na categoria bancária é o trauma após assalto/violência. Os obstáculos impostos para a emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), facilita sobremaneira a demissão posterior dos trabalhadores que, porventura, vierem a apresentar distúrbios psíquicos/mentais decorrentes dessas ocorrências.

Estratégia para a luta dos trabalhadores do ramo financeiro
Unificar a categoria, respeitando sua especificidade no ramo financeiro, onde a realidade e a dinâmica dos bancos estatais e privados se alteram de acordo com a conjuntura.
Hoje, o sistema bancário privado não atua na economia do País, com a perspectiva de criar mais emprego e desenvolver a economia brasileira. Esse papel parasitário e entreguista que os bancos privados cumprem na atual conjuntura tem de ser debatido e denunciado aos bancários e à própria população brasileira que usa os serviços bancários.
Um bom serviço bancário tem que estar vinculado a um projeto que ajude a financiar as atividades produtivas e combata a concentração de renda e poder político que o sistema financeiro tem hoje na política econômica vigente.
Os bancos cumprindo seu papel, que é esperado pela sociedade, fará com que haja uma maior profissionalização, possibilitando um trabalho bancário mais especifico e técnico para dar conta de sua responsabilidade de financiador e fomentador do desenvolvimento econômico do País.
Somos uma categoria que negocia nacionalmente. A nossa realidade é ampla e complexa. Temos diferenças especificas e regionais. Portanto, a única alternativa de avançarmos no movimento é ampliando a democracia e o respeito entre todos os setores organizados que lutam na nossa categoria.

O PAPEL DOS BANCOS PÚBLICOS NA MOBILIZAÇÃO

Neste momento de crise e desconfiança em relação ao sistema financeiro, os Bancos estatais têm um papel central nessa conjuntura, pois são eles que irão garantir o crédito necessário para retirar o país da crise.
A maior organização dos trabalhadores de Bancos públicos fortalece nossas mobilizações. Para que a unidade da categoria seja mantida é necessário respeitar e manter os avanços já conquistados nesses Bancos, e estender essas conquistas para os trabalhadores dos Bancos privados.
Uma campanha nacional articulada com reivindicações gerais e específicas nos Bancos públicos deve ser construída, respeitando as especificidades de cada Banco, principalmente no que se refere aos Planos de Cargo e Salários, a PLR e o fortalecimento da organização no local de trabalho.